Triagem que não salva
A morte do reconhecido fotógrafo Luiz Claudio Marigo revela uma série de erros. A sensibilidade dos passageiros ao buscar socorro na unidade esbarrou no sistema de triagem altamente falho de um hospital. Entre a burocracia sem fim e a vida humana, prevaleceu a primeira.
Publicado 11/06/2014 14:41
Há que se prestar o socorro, tendo ou não emergência no hospital. Vale lembrar que o ônibus ficou parado durante quase uma hora na porta do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), com um imenso tumulto criado em torno da tentativa de ressuscitação de Luiz, ignorado na porta da unidade de saúde. Absurdamente, o único socorro possível ali era do SAMU, através do 192.
A prioridade de um atendimento deve ser sempre salvar vidas. Em segundo plano, o que é necessário se fazer depois ou que protocolo seguir. Mesmo que a ambulância tenha chegado bem depois, o que é lamentável, Luiz poderia estar vivo se o primeiro atendimento tivesse se dado.
Atender o cidadão com qualidade e eficácia é parte essencial do Sistema Único de Saúde ou de qualquer unidade privada, garantindo respeito a todos. Para isso, é preciso ter em mente o quão frágil e importante é a vida de cada um. Nunca é fácil perder um ente querido. Mais difícil ainda quando sabemos que poderia ter sido diferente. Na porta do hospital, na calçada ou dentro de um ônibus, sem distinção ou burocracias, a sociedade pede apenas um pouco de humanidade, solidariedade e responsabilidade.
É preciso que as autoridades competentes apurem todas as responsabilidades deste episódio, como a instrução que o vigilante da porta tem para casos como este. Quem orientou o segurança a praticar uma espécie de triagem improvisada, barrando pedidos de socorro urgentes? E o que faz a direção do INC na humanização de sua porta de entrada? Onde está o treinamento a todos os funcionários que ali trabalham?
Com a palavra, a direção do Instituto.