Um clássico do cinema francês: Lola

O clássico francês de Jaques Demy, “Lola, a flor proibida”, e a vida do artista italiano Pino Pascali no documentário de Walter Fasano

Filme "Lola, a flor proibida" I Foto: Divulgação

Em 07.10.2021, no Mubi, foi a vez do lançamento de um clássico: Lola. A realização do cineasta francês Jacques Demy (em português, “Lola, a flor proibida”), foi lançada em 1961. Fala da Paris pós-segunda guerra mundial, quando o mundo estava sendo ocupado pela cultura norte-americana. E Demy, que foi um dos participantes da Nouvelle Vague, fez uma obra muito próxima de uma comédia musical americana. Tentando esquecer as piores tristezas da guerra e lembrando que havia muita alegria no mundo que estava sendo criado. E com a cultura pop como novidade. Assim, temos a presença dos marinheiros americanos que enchiam todas as cidades do mundo – Natal, Recife, Rio de Janeiro – e também Paris. Desse modo, o cineasta que era ligado a François Truffaut e Jean-Luc Godard, e escrevia críticas, fez essa obra que ganhou sucesso mundial. Eu provavelmente a comentei numa das minhas críticas do jornal Última Hora Nordeste. Embora eu tivesse uma forte presença da cultura norte-americana, acredito que o elogiei, pois apoiava o movimento então de vanguarda chamado Nouvelle Vague – essa nova onda parecida com o que os brasileiros faziam então no centro-sul brasileiro.

Filme “Lola, a flor proibida” I Foto: Divulgação

Jacques Demy fez um sucesso relativamente fechado, mais para dentro do mundo cinematográfico. Dos participantes do seu filme famoso continuaram a fazer sucesso a jovem atriz Anouk Aimée. Nenhum dos participantes do elenco masculino fez sucesso. O fotógrafo Raoul Coutard se transformou num dos maiores diretores de fotografia do cinema francês. E o compositor do roteiro musical Michel Legrand fez enorme sucesso popular. Entretanto, Jacques Demy ficou mesmo num sucesso popular mediano.

Como subtítulo, “Lola” ganhou a expressão de um provérbio chinês: “Pleure qui peut Rit qui veut” com a tradução da legenda: “Quem tiver que chorar, chore. Quem puder ria”. Assim, os personagens do simpático filme de Demy são todos praticamente infelizes, mas sempre tentam se manter felizes para seus coparticipantes. E o fundamental é que, revendo filmes como este, podemos assim comparar o mundo que vivemos e que estamos vendo nos filmes de hoje.

Olinda, 08. 10. 21

Pino Pascali – Artista povero

Documentário “Pino” I Foto: Divulgação

Nesta nossa época de pandemia, o bom mesmo é um filme sobre arte como este “Pino”, que fala sobre o artista performático, escultor, fotógrafo e criador de arte cênica, que foi o italiano do sul Pino Pascali. Ele morreu em 1968, atropelado por um caminhão quando andava de moto. Confesso que não o conhecia, mas me interessou muito o chamado documentário criado pelo cineasta Walter Fasano, que antes não era diretor, mas especialista da área de edição. Nesse filme ele fez o roteiro, dirigiu e fez a montagem.

Falei em documentário, mas o que temos mesmo é uma obra que busca incorporar a criação de Pino Pascali mostrando-a na sua dimensão poética e não como uma simples documentação. Porém quem faz esse tipo de filme, deveria pensar que ele deverá chegar a um público que realmente não conhece a obra do artista. Por isso eu gostaria de ver uma sequência pelo menos em que fosse expressa uma clara documentação. Uma obra mostrada em detalhes e com formas nas quais ela se mostrasse em seu aspecto mais objetivo. E não subjetivamente. O filme é belo, mas assim poderia ser mais documental.

Artista Pino Pascali I Foto: Reprodução

Pino Pascali hoje tem um Museu Pascali na sua província de Apúlia, no sul da Itália. Recentemente, lá foi exposta uma das suas grandes obras. Ele era um artista que se inspirava no mar, que criava grandes obras com materiais considerados imprestáveis, de todo tipo de coisas. Teve problemas com a censura e a polícia, quando criou obras semelhantes a grandes armas de guerra, canhões e outras, e o proibiram de expor. Segundo afirmam, ele era uma pessoa alegre, mas que sempre dizia que iria morrer cedo, como aconteceu.

O documentário está em exibição no Mubi. Ele foi narrado em italiano, francês e inglês por pessoas que eram próximas a ele, como Alma Jodorowsky, Michele Riondino e Suzanne Vega.

Olinda, 03. 10. 21

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