Um Natal com maiores desigualdades sociais

“Não podemos nos conformar com a crescente degradação das condições de vida da maioria dos brasileiros”.

Nessa época do ano, nós brasileiros e grande parte do mundo, celebramos o Natal. Independentemente das religiões que professamos, ou mesmo daqueles que se definem como ateus, o Natal é uma época de reflexões, de solidariedade, de busca pela esperança e crença que a vida sempre se recriará. É exatamente pelos valores sociais e humanos que o Natal enseja, que não podemos nos conformar com a crescente degradação das condições de vida da maioria dos brasileiros.

Em 1994 o sociólogo e ativista político em favor dos direitos humanos Herbert de Souza, o Betinho, lançou a campanha Natal Sem Fome, que visava sensibilizar os brasileiros sobre o drama da fome. Naquela época o Brasil contabilizava 32 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo o IPEA. Atualmente, 15,3 milhões de brasileiros se encontram nessa situação, o que equivale a 7,4% da população segundo dados do IBGE de 2018. Em 2014 o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU, mas já em 2016, 14,8 milhões de pessoas sobreviviam com menos de R$ 133 por mês, condição que não garante um nível desejável de segurança alimentar. Não por outra razão, a campanha idealizada por Betinho e que estava encerrada desde 2007 voltou a funcionar em 2017, justamente pelos índices que recolocam o Brasil a beira do Mapa da Fome da ONU novamente.

Outro dado que corrobora com essa preocupante situação é o fato de que hoje o Brasil possui 104 milhões de cidadãos, se assim se pode chamar, que ganham menos de R$ 413 por mês segundo o IBGE, esse número representa 50% da população brasileira. Aliado a esse quadro, há um profundo corte nos orçamentos das áreas sociais do governo federal, que impactam em programas sociais como o Bolsa Família, a Minha Casa, Minha Vida, entre outros programas que atuam no combate à pobreza. Um número cada vez maior de famílias voltou a cozinhar com lenha. O desemprego alcançou em 2019 uma taxa superior a 12% e outros 50 milhões trabalham na condição de informalidade, sem direitos garantidos e expostos a todo tipo de exploração e precarização. A concentração de renda voltou a crescer a partir de 2016 e os 10% mais ricos da população concentram 43,1% da massa de rendimentos, enquanto os 10% mais pobres concentram apenas 0,8%.

O Brasil é um país com inúmeras desigualdades econômicas e sociais, não é compatível com essa realidade as medidas econômicas adotadas pelo atual governo federal, que em nome de diminuir o tamanho Estado, quer desprover a imensa maioria empobrecida dos brasileiros de políticas publicas que combatam a miséria e gerem mais e melhores empregos. Que o Natal possa abrir nossos olhos para essa dura realidade e renovar nossa disposição em lutar por um país realmente justo e democrático, algo que somente se realiza sem fome e miséria.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor