Yes, nós temos Neymar!

Alguns querubins nos olham lá de cima, vejam, estão logo ali, para além das nuvens, no celestial Olimpo dos deuses sagrados da bola. Daqui podemos vê-los iluminando sonhos infantis e de marmanjos gorduchos, dessa gente brasileira, mulata e trabalhadora, dos trópicos, donde a alegria da vida e dos dias também é celebrada num grito capaz de estufar as redes e deixar qualquer arqueiro adversário tonto, zonzo, alquebrado por tão lúdico e poderoso petardo.

Todos eles estão lá: Friedenreich, apelidado pelos uruguaios em 1919 como ‘El Tigre’; Preguinho, autor do primeiro gol tupiniquim em Copas do Mundo; Heleno de Freitas, também tido por ‘Gilda’ no Clube dos Cafajestes; Leônidas da Silva, o ébano diamante, inventor da bicicleta, artilheiro de 38; Domingos da Guia, que nos ensinou que a mestiçagem é o nosso maior goleador; Ademir e Barbosa, do ‘Maracanazo’; Nilton Santos, a enciclopédia; Didi, o etíope; Mané Garrincha, a alegria do povo e o Doutor Sócrates, o herói esguio da democracia corintiana, dentre outros.

Como guardiões de nossa identidade profunda – de uma nacionalidade que vê no jogo coletivo o caminho para a superação de mazelas tão antigas quanto o tempo – os semideuses da pelota parecem lançar raios às pernas circenses do geniozinho da raça, o menino Neymar. Tão jovem e decidido, tão único e combativo, tão sereno e carismático que faz com que a gente se sinta irmão, pai, tio ou amigo daquele que ostenta, na camisa 10, a destreza sagrada do manto que já foi de Pelé, Rivelino e Zico.

Na mais que profunda madrugada, toda a nação canta de esperança e superação. Feliz do filho pátrio que faz sorrir moços e velhos! Se é por música ou poesia, não sei, talvez as duas, mas, aqui, batendo os tambores, recorro aos versos de Jorge Ben para explicar aquilo que vimos nesta tarde mágica de segunda-feira no planalto central do país : “Pula, pula, cai, levanta/Sobe, desce, corre, chuta/Abra espaço/Vibra e agradece”.

Muitos que te floreiam, Neymar, receosos da autoestima do povo, não queriam e até mentiram sobre o que acontece no país neste instante. Inflaram mascarados jaborianos e nas Vênus platinada insultaram a inteligência das pernas e o esforço nacional de que somos capazes de tudo que quisermos, bastam objetivos claros e nitidez política, além de um profundo amor à brasilidade que parece insultar nossas endinheiradas elites e seus aliados externos.

Rogo ao Olimpo do fubebol brasileiro, em oração: protegei os gambitos de nosso craque! Protegei, senhores alados da feitiçaria das chuteiras, a nossa mais elevada esperança dos zagueiros botocudos que fazem do açougue poderosa referência para enfrentar nosso mais proeminente bailarino!

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