A cada hora que passa Alckmin fica a depender de uma eficiente trama

O momento favorável à reeleição de Lula criado pela divulgação da pesquisa Datafolha, divulgada hoje (18) que dá vinte pontos de vantagem ao presidente, longe de acomodar seus apoiadores e militantes, como alertou o próprio candidato, deve ser aproveitado pela campanha de Lula para ir à ofensiva.



Faltam 11 dias para o histórico 29 de outubro e embora em desvantagem a oposição não dá sinais que jogará a toalha. Muito ao contrário. Com o cheiro de fracasso no ar, a direita exacerba artificialmente a disputa uma vez que somente a ela interessa radicalizar o processo.



Pode-se argüir que radicalizar ou não a disputa faz parte do jogo democrático. Ocorre que o PSDB e o PFL e a mídia a eles integrada não ausência de fatos que possam provocar uma reviravolta na tendência atual do confronto, põem-se por intermédio da trama e da mentira a tentar forjá-los.



Entre tais tramas, a mais recente é a chamada “operação abafa”. PSDB e PFL investem contra a Polícia Federal e, indiretamente, contra o próprio Poder Judiciário. Abertamente denunciam que a PF estaria fazendo o jogo da campanha de Lula ao deliberadamente protelar o desfecho da investigação sobre a origem do dinheiro apreendido no episódio do dossiê.



Querem por querem impreterivelmente antes do segundo turno que a PF conclua as investigações. As investigações se realizam sob o acompanhamento da Justiça. O prazo para encerramento do processo foi fixado de comum acordo entre a autoridade policial e a Justiça. Nesse episódio fica patente a hipocrisia da direita e de sua mídia quando falam que é preciso respeitar as instituições republicanas.



A campanha de Alckmin está razoavelmente combalida do ponto de vista político. Como já sublinharam diversos analistas sem poder explicitar seu ideário conservador e neoliberal, a campanha do tucano se resume a jurar de pés juntos que dará continuidade aos programas do governo Lula. Ironicamente, como dizem alguns, é a campanha do “não”: “não vou acabar com a Bolsa Família”; “não vou privatizar”;” não vou etc.”



Batida no âmbito programático, a campanha de Alckmin agarra-se à ladainha de “onde veio o dinheiro?” Na verdade, o PSDB e o PFL querem a Polícia Federal atue segundo seus interesses eleitorais. No fundo, lastimam que o delegado Edmundo Bruno, aquele que repassou de forma ilegal as fotos do dinheiro à imprensa não seja o responsável pela referido caso.



Na guerra psicológica que faz parte desse tipo de luta, “notinhas” circulam na Internet e pelos cantos das colunas inflando o boato de que uma “revista semanal” já sabe a origem do dinheiro. A campanha de Alckmin a cada hora desses 11 dias restantes passa cada vez mais a depender um “fato espetacular”. Com outras palavras, passa a depender cada vez mais de uma grande trama, de uma eficiente mentira.