A luta para salvar a Varig

Ontem, 11/04, em vários aeroportos do país funcionários da Varig realizaram manifestações contra o fechamento da empresa. Em Brasília, com apoio de parlamentares de vários partidos, eles protocolaram no Palácio do Planalto um plano de recuperação da companhia para o qual cobram ajuda do governo.

 

A Varig, de capital nacional, tem quase 80 anos, 10 mil funcionários. É a empresa aérea brasileira que realiza a maioria dos nossos vôos internacionais. Em decorrência de vários fatores, inclusive, má administração, a companhia acumulou a gigantesca soma de R$ 7 bilhões de dívida. Não consegue honrar nem os compromissos referentes a esse débito, nem as despesas correntes como combustíveis e salários.

 

Mesmo sendo uma empresa privada, várias centrais sindicais, entre elas a CUT, e dezenas de parlamentares defendem que o governo deve realizar uma “negociação responsável” para tentar preservar a companhia. Autoridades do Executivo são refratários à injeção de dinheiro público na empresa, todavia julgam que não podem ficar alheios ao problema. Aliás, dizem alguns, que ao longo do tempo o governo, através suas estatais, como a BR distribuidora e a Infraero, tem sido “complacente” com a Varig.

 

Embora haja justificativas a essa atitude cautelosa do Executivo, os argumentos apresentados pelas centrais sindicais, funcionários, parlamentares, são procedentes. As autoridades do governo federal precisam participar da busca de alternativas. É negativo aos interesses nacionais o fechamento da Varig.

 

Em primeiro lugar, não interessa ao Estado brasileiro que este ramo estratégico—a aviação aérea comercial— seja desnacionalizado e cartelizado pelo capital estrangeiro. Se a Varig cessar suas atividades,  os milhares de passageiros que voam para fora do país, serão, muito provavelmente, absorvidos por empresas estrangeiras.
Em segundo lugar, é importante preservar o trabalho de cerca de 10 mil funcionários.

 

Não se advoga que o dinheiro público seja “torrado” para cobrir buracos de empresas privadas, todavia é inegável que a falência da Varig não equivale ao fechamento de uma firma qualquer. Tratar a questão dessa maneira seria errôneo. Com olhos nos interesses nacionais e na situação dos trabalhadores, o governo deve se movimentar. Não pode se omitir.