A usina de Angra 3 e as contradições de Marina Silva
A aprovação, pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), da retomada da construção da usina de Angra 3, acentuou […]
Publicado 29/06/2007 16:50
A aprovação, pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), da retomada da construção da usina de Angra 3, acentuou a polêmica que cerca, há tempos, o uso da energia nuclear. Na reunião do dia 25, que tomou essa decisão, o único voto contrário foi justamente o do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que representou a ministra Marina Silva.
A obra está estimada em 3,7 bilhões de dólares (cerca de 7 bilhões de reais); sua construção está paralisada desde 1986, e a previsão é que fique pronta em 2013. É uma obra fundamental para a retomada do crescimento econômico e para garantir sua continuidade pois, segundo os especialistas, para crescer ao ritmo de 5% ao ano, o Brasil vai precisar de muita energia.
Angra dos Reis já abriga as duas únicas usinas nucleares brasileiras, que geram cerca de 2 mil megawatts, ou 3% da energia elétrica produzida no país; a nova usina vai produzir mais 1.350 megawatts, e promete abrir uma nova etapa no programa nuclear brasileiro que, segundo o Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pelo governo, poderá incluir a construção de novas usinas nos próximos 23 anos – entre quatro e oito novas centrais de mil megawatts cada, para atender à demanda de energia elétrica que, segundo o CNPE, vai exigir a geração de mais de 5.300 megawatts nesse período.
Tudo indica que esta exigência do desenvolvimento enfrentará forte resistência . Logo após o anúncio da decisão de retomar a construção de Angra 3, grupos ambientalistas – entre eles o Greenpeace – apressaram-se em manifestar sua oposição alegando – além dos riscos tradicionalmente invocados – que o grande volume de resíduos atômicos gerados precisará encontrar local adequado e seguro para ser estocado.
Marina Silva, que não esconde sua oposição à energia nuclear, lembrou que a necessidade de licenciamento ambiental para a construção – o que, aliás, é uma exigência legal. E afirmou que ainda não há prazo para que ela fique pronta, acenando com dificuldades semelhantes às enfrentadas para a construção das hidrelétricas no Rio Madeira, que vão produzir 6.500 megawatts e são consideraas fundamentais para evitar um novo apagão depois de 2010. Mas ela não sai justamente devido à resistência do Ibama em conceder a licença ambiental para a obra. Aliás, há sinais de que foi essa teimosia em retardar o licenciamento para a construção daquelas hidrelétricas que precipitou a opção pela retomada de Angra 3.
É esta resistência do Ibama que entrava a construção daquelas hidrelétrias que torna a posição da ministra contraditória. Para ela, o país não necessita de energia nuclear pois tem, diz, ''outras possibilidades, como eólica, solar e hidrelétrica''. Ora, mas não é o próprio ministério que ela dirige que cria os obstáculos que impedem a construção da hidrelétrica do Rio Madeira?