Brasil cresce 5,8% em conjuntura mundial difícil

Reunidos no final de semana em Osaka, no Japão, os ministros de finanças do chamado G-8 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão e Rússia – discutiram a crise mundial provocada pelo aumento das commodities, especialmente do petróleo (com preços chegando a quase US$ 140,00) e dos alimentos.


 


Um comunicado foi divulgado ao final do encontro, onde se lê que “os preços elevados das commodities, especialmente de petróleo e alimentos, representam um sério desafio para estabilizar o mundo, têm sérias implicações para os mais vulneráveis e podem aumentar a pressão inflacionária global”.


 


O comissário econômico da União Européia, Joaquin Almunia, declarou que pode haver um processo de estagflação na região e o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, revelou que o petróleo mais caro pode prolongar a recessão da economia estadunidense. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial projetam um período de prolongada fraqueza da economia no mundo.


 


Mesmo nesse quadro de projeções pessimistas a economia brasileira manteve ritmo forte no primeiro trimestre deste ano. Nos últimos 12 meses a taxa de crescimento foi de 5,8%, a maior desde 1996, o que pode significar que, este ano, ela ficará entre 5% e 5,1%, segundo o economista Caio Prates, do grupo de conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


 


“O outro ponto positivo”, reforça o analista, “foi o índice de investimento com uma alta de 15,2%, que vem crescendo acima do PIB”. O setor de intermediação financeira (especialmente os bancos) cresceu também 15,2%, a construção civil 8,8%, a indústria de transformação 7,3% e o comércio 7,7%.


 


O momento pelo qual o país passa tem propiciado a criação de um volume razoável de empregos formais, com aumento da massa salarial e da média dos rendimentos. Tudo isso levou a um crescimento significativo do consumo das famílias que, na média dos três últimos trimestres, ultrapassou a marca dos 7%.


 


Entretanto, aprofunda-se a luta entre orientações econômicas distintas. O setor conservador ortodoxo-liberal — firmemente instalado no Banco Central — vai encontrando resistências à sua política de contenção do crescimento, com o instrumento da elevação da taxa de juros e uma política cambial que sobre-valoriza o real.


 


São expressões desta contradição o anúncio da nova política industrial e o anúncio da criação do fundo soberano brasileiro por um lado, e o rápido crescimento do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, de outro.


 


As duas primeiras iniciativas tem cunho progressista, desenvolvimentista, enquanto o terceiro fenômeno é como resultado da política restritiva e conservadora do Banco Central. Se for aprofundada esta política de contenção do crescimento, estará aberto o caminho para a volta da vulnerabilidade externa, podendo, assim, interromper a atual fase positiva do ciclo de desenvolvimento econômico brasileiro.