Bush sofre novas derrotas em casa e no Iraque

O atual presidente dos EUA, George W. Bush, não teve um final de semana tranqüilo em sua própria casa. Na última sexta-feira, a Câmara de Representantes do Congresso americano – que corresponde à Câmara dos Deputados no Brasil – aprovou uma resolução repudiando formalmente a decisão de Bush de enviar mais 20 mil soldados para a frente de batalha na ocupação do Iraque. Esta decisão tem um caráter simbólico importante, pois foi aprovada por 246 votos a 182, revelando que 17 deputados republicanos se uniram aos democratas no combate à política intervencionista do sistema político-militar americano para o Oriente Médio.


 


 


Os debates na Câmara de Representantes duraram o dobro do tempo necessário para uma discussão parecida com esta em 2002, só que naquela ocasião discutiu-se a autorização do Congresso para o uso da força militar contra o Iraque, com base em informações da chamada “Inteligência” americana de que o Iraque possuía armas de destruição em massa, argumento este que em seguida foi desmascarado pelos fatos. Durante as discussões em plenário 392 deputados e deputadas se pronunciaram, contra ou a favor da resolução finalmente aprovada que especificamente manifesta a desaprovação do legislativo americano ao envio de mais tropas ao Iraque. Mas os debates abarcaram um leque muito mais amplo de problemas.


 


 


Os argumentos dos representantes do Partido Republicano do presidente Bush consideraram que a derrota americana no Iraque poderá representar o início de uma grande “instabilidade em toda a região”, como se esta situação não estivesse já instalada e ampliada com a intervenção no Afeganistão e no Iraque, e mais recentemente com as ameaças concretas de invasão do Irã por parte das forças armadas americanas. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, declarou logo após a derrota no Congresso que o legislativo deveria prover o Executivo com os fundos necessários para manter o esforço bélico na “missão de proteger o nosso país”.


 


 


No sábado passado, a luta no Congresso continuou. Em raríssima sessão realizada em final de semana, os republicanos não conseguiram impedir que a discussão no Senado sobre a questão da guerra no Iraque fosse interrompida. O Partido Republicano precisava de 60 votos para fazer com que o processo de debate cessasse. Mas a votação foi de 56 a 34, mostrando que os parlamentares anti-guerra ganham espaço pouco a pouco diante de uma opinião pública cada vez mais anti-Bush. Nesta votação, 7 senadores republicanos passaram-se para o lado dos democratas, além de um senador independente. Destes 7 senadores republicanos, 5 deverão enfrentar campanhas pela reeleição no ano que vem.


 


 


“Nós seremos implacáveis”, declarou o senador democrata do Estado de Nova Iorque, Charles E. Shumer, “haverá resolução após resolução, emendas após emendas, todas no sentido de fazer com que o Senado faça o que não fez nos últimos três anos: debater e discutir a situação no Iraque”. Enquanto isso, no campo de batalha no Oriente Médio, as conseqüências da guerra se espraiam. Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), a violência na região já motivou a fuga de mais de 2 milhões de iraquianos em direção a outros países, como a Jordânia e a Síria. Além do elevado número de refugiados, 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas para o interior do Iraque. Em Bagdá, a insurgência voltou a explodir na capital após quatro dias de entrada em vigor do “plano de segurança americano-iraquiano”. De fato, a região somente poderá conquistar a paz se aumentarem os protestos, nos EUA e no mundo inteiro, contra a guerra imperialista. O povo brasileiro pode dar sua contribuição agora na visita programada para o Brasil por Bush e sua comitiva de segurança no início de março.