Enquanto Lula cresce, PSDB e PFL digladiam

As duas pesquisas eleitorais divulgadas nesta semana, da Sensus e Datafolha, confirmam uma tendência bastante favorável para as forças democráticas e populares. O presidente Lula consolida o favoritismo na disputa, melhorando a sua performance inclusive nas regiões sul-sudeste e nas camadas médias, podendo até vencer o pleito de outubro no primeiro turno; já o postulante do bloco liberal-conservador, o direitista Geraldo Alckmin, não consegue decolar. As pesquisas, porém, não devem gerar um falso clima de euforia e, menos ainda, de arrogância! Muita água vai rolar por debaixo da ponte até a eleição presidencial.

 

 

O presidente Lula, mais calejado, parece estar atento para este risco. Em recente conversa, ele confessou: “Estou preocupado com essas pesquisas. Esse clima de já ganhou não me agrada”. Adepto das metáforas futebolísticas, alertou: “Ninguém ganha o jogo antes do apito final do juiz”. Para ele, o momento agora é de “suar a camisa”, consolidando as alianças e apresentando à sociedade uma plataforma consistente para o segundo mandato. Neste rumo, os três partidos de esquerda do núcleo de sustentação do governo (PT, PCdoB e PSB) aceleram as negociações com os possíveis aliados e ultimam a elaboração do programa.

 

 

Já no ninho tucano, que mais parece um serpentário, as pesquisas tiveram um efeito oposto. Predomina o clima de derrota com a candidatura do seguidor do Opus Dei. Até o lançamento oficial da chapa PSDB-PFL foi adiado. O mentor tucano FHC não esconde mais sua percepção de que Alckmin não tem carisma. O PFL, representante da velha oligarquia, resolveu atirar no PSDB, o partido dos rentistas “modernos”. Rodrigo Maia, líder pefelista na Câmara, acusou o presidente tucano de incompetente. Tasso Jereissati, por sua vez, respondeu ironicamente ao filhinho do prefeito carioca, César Maia. “Quando o garoto fala só vale se o papai confirma”. O risível bate-boca escancara a crise na oposição direitista!

 

 

Mas, como já foi dito, “ninguém ganha o jogo antes do apito final”. Vários fatores ainda podem alterar o cenário da disputa. Um dos fantasmas é o de uma nova crise da economia mundial, que poderia ter graves efeitos eleitorais. Desde 10 de maio, o humor do “deus-mercado” está azedado, devido aos desequilíbrios da economia dos EUA. É certo que o Brasil está “menos vulnerável” às turbulências internacionais, como reconhece o economista Paulo Nogueira Batista Jr., um crítico da política macroeconômica do governo Lula. Mas já há vozes, inclusive no interior do Palácio do Planalto, defendendo um novo aumento da taxa de juros e do superávit primário, o que, sem dúvida, seria negativo à candidatura Lula. O jogo será disputado.