Mais de 31 mil mortes: marca trágica do governo Bolsonaro
No momento em que o país ultrapassa a marca das trinta e um mil mortes pela Covid-19, com cerca de […]
Publicado 02/06/2020 22:38 | Editado 03/06/2020 01:10
No momento em que o país ultrapassa a marca das trinta e um mil mortes pela Covid-19, com cerca de meio milhão de infectados, impõe-se o questionamento sobre como seria essa realidade com um presidente da República condizente com as responsabilidades do cargo. O que está no posto tem sido um desastre. Jair Bolsonaro, desde o início da pandemia, tem feito de tudo para que a situação se agrave.
Com sua postura negacionista, ele tem se colocado contra o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das autoridades sanitárias do país, defendendo o descumprimento do isolamento social, dando maus exemplos e fazendo proselitismo contra as recomendações preventivas. Bolsonaro chegou ao ponto de ocupar cadeia de rádio e televisão para fazer as suas pregações irresponsáveis.
O presidente demitiu dois ministros da Saúde e entregou o Ministério a um general, que ocupa a função interinamente, enquanto passou por cima de procedimentos recomendados pela OMS para impor um protocolo apócrifo, que na prática indica o uso da cloroquiona no SUS.
Ele, que já havia desdenhado a trágica ascendência de mortes com a indagação “e daí?”, agora, com a marca de mais de 31 mil óbitos, sem respeitar o luto dos familiares, diz que esse “é o destino de todo mundo”.
Mas Bolsonaro foi além, ao tratar com descaso as demandas por investimentos em equipamentos e por condições econômicas de sobrevivência de grande parcela da população. No primeiro caso, o resultado é que o país se encontra numa situação de completo desconhecimento sobre a taxa de contaminação, com testagem praticamente inexistente – o que se sabe a respeito em grande medida vem de organismos internacionais –, o que deixa o país num percurso às cegas, ostentando a menor medição do mundo.
Outro resultado é a precariedade de recursos para dotar o Sistema Único de Saúde (SUS) com o mínimo necessário, além da ausência de uma política para o abastecimento hospitalar com os insumos necessários. Com isso, os números de mortes e internações se elevam e atingem esse patamar astronômico, ainda em ascensão. Com medidas simples, como fizeram alguns governadores, certamente os resultados seriam bem diferentes.
Se não bastasse tudo isso, Bolsonaro agiu também para privar a parcela da população sem recursos de ajuda econômica. Em lugar de liderar um processo efetivo para enfrentar a situação, ele criou obstáculos em série tanto para o pagamento do auxílio emergencial quanto para o socorro aos estados e municípios. Tudo isso como consequência óbvia da sua política criminosa de não tratar a pandemia com a responsabilidade que o cargo de presidente da República exige.
A dupla Bolsonaro-Guedes também abandou as micro e pequenas empresas à própria, provocando quebradeira e destruição de postos de trabalho.
Outra prova de que Bolsonaro age criminosamente nesse momento grave é a sua conduta de afronta aos governadores que seguem os protocolos sanitários. Ao se ver obrigado a cumprir as leis aprovadas no Congresso Nacional para o auxílio emergencial e para o auxílio aos estados e municípios, Bolsonaro tratou de fazer de tudo para atrasá-las e limitar o seu alcance, agravando sobremaneira a situação dos que estão vulneráveis economicamente, obrigando-os a se expor à contaminação na busca do “pão de cada dia”.
A ilimitada irresponsabilidade de Bolsonaro chegou à crise política com sua conduta de confronto com os demais Poderes da República, com atitudes de provocações ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional. Ele se aproveita da pandemia para criar um ambiente de caos, de desgoverno, cenário propício para a sua escalada autoritária que visa a ruptura com o regime democrático e a implantação de um Estado policial, autoritário.
Diante de tudo isso, impõe-se a pergunta: quantas mortes, quanto sofrimento do povo seriam poupados se o presidente cumprisse o seu dever constitucional de fazer o Estado prover e defender a nação? Quantas pessoas seriam poupadas de sequelas da Covid-19 se o Brasil não tivesse um presidente da República irresponsável e de conduta criminosa?
De qualquer forma, na passagem dessa marca trágica de trinta e um mil mortes é preciso apresentar homenagens às memórias das vítimas e condolências aos seus familiares e amigos, ao mesmo tempo em que a situação cobra mais esforços para enfrentar esse presidente e o recrudescimento dos ataques à democracia e ao isolamento social.
É imperativo também agradecer e enaltecer os profissionais de saúde, que apesar das péssimas condições de trabalho e proteção tem cuidado e tratado das pessoas, salvando vidas.
Nesse contexto, com a tomada de posição de largos setores da nação por meio de manifestos e de outras formas de defesa da vida e da democracia, vai se configurando uma importante frente ampla de salvação nacional.