Manaus, eixo da integração continental

Reunidos nesta semana em Manaus, capital do Amazonas, os presidentes Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva e Rafael Correa deram um importante passo rumo à independência econômica dos países do Mercosul. Enquanto os líderes políticos e empresariais americanos travavam uma luta de vida ou morte em Washington para frear o efeito cascata da maior crise que se tem notícia desde a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, os presidentes da Venezuela, Bolívia, Brasil e Equador resolveram acelerar os entendimentos para viabilizar a construção do Banco do Sul – que tem por objetivo dotar a região de uma entidade de crédito próprio, que afaste o Fundo Monetário Internacional (FMI) e permita ajudar os países membros a fazer frente à atual crise econômica.


 


''A melhor estratégia é a ofensiva; enquanto o neoliberalismo afunda, nós avançamos na unidade, e de maneira muito concreta no Banco do Sul'', declarou Chávez durante o encontro. ''Devemos fortalecer nossos bancos centrais, nossos fundos de investimento, avançar em convênios multilaterais'', prosseguiu.


 


Durante a reunião, outras conversações foram feitas em torno de mais uma questão de alto valor estratégico para os quatro países: a transformação de Manaus como o centro nevrálgico dos futuros corredores terrestres e fluviais que farão a conecção entre os Oceanos Atlântico e Pacífico, proporcionando rotas de transporte essenciais para o desenvolvimento da economia da América do Sul. Estas vias de transporte estão incorporadas ao Plano de Aceleração do Crescimento protagonizado pelo Governo brasileiro. Com a construção do corredor, o Brasil poderá reduzir de 15 mil milhas náuticas para apenas 9 mil a distância que os navios brasileiros deverão percorrer para transportar seus produtos para as costas asiáticas.


 


Este encontro dos presidentes destes quatro países ligados de uma forma ou de outra à bacia amazônica se segue a uma anterior reunião realizada recentemente em Santiago, no Chile, a cúpula da União das Nações Sul Americanas, Unasul, onde se analisou a situação política tensa criada na Bolívia com os movimentos seccionistas estimulados por interesses imperialistas de dividir o país, e se firmou um apoio irrestrito à legalidade democrática capitaneada pelo atual presidente Evo Morales. Estes dois últimos encontros só fortalecem a unidade política, econômica e estratégica desta aliança regional, a única forma concreta de enfrentar os desafios e a política intervencionista especialmente do imperialismo norte-americano, que apesar da crise movimenta seus barcos de guerra pelo mundo inteiro, inclusive reorganizando a IV Frota em mares latino-americanos.


 


A integração continental ganhou mais solidez com o encontro de Manaus, e ela vai fortalecer os países da América do Sul para enfrentar as consequências da grave crise financeira vivida pelos EUA, e que já contaminou a Europa. Por aqui, por enquanto, a decisão dos governos é aprofundar a integração não só política e econômica, mas principalmente física entre nossos países. E fazer isso com base principalmente na solidariedade, como o presidente Lula disse em Manaus. ''É uma obrigação do Brasil ser solidário com a economia dos países vizinhos no continente sul-americano'', enfatizou o presidente brasileiro.