Na batalha do 2º turno, Lula sai na frente

Tanto a pesquisa do Instituto Datafolha quanto a do Vox Populi, ambas divulgadas na última sexta-feira (6/10), fotografaram os índices de intenção de voto após o primeiro turno indicando no caso do Datafolha uma diferença positiva para o presidente Lula de 7 pontos percentuais em relação a Geraldo Alckmin (50% a 43%) e de 10 pontos percentuais no resultado apurado pelo Vox Populi (51% a 41%).


 


As duas pesquisas tentam captar o estado de espírito do eleitor, tendo em vista os primeiros movimentos políticos adotados pelas respectivas campanhas no sentido de ampliar o arco de alianças. Lula saiu na frente, respeitando as lideranças regionais e nacionais. Alckmin tomou iniciativas desastradas, criando problemas em seu próprio campo conservador, especialmente no Rio de Janeiro e na Bahia. No caso da pesquisa Datafolha, ficou evidente o crescimento de Lula no Nordeste, que saltou de 60% no resultado do 1º. turno para 67%, sendo que Alckmin obteve apenas 28%. Na região Norte/ Centro-Oeste, Lula atingiu 45% na eleição e agora chegou a 50%. Na região Sudeste Lula cresceu de 39% para 45% e mesmo na região Sul, Lula também incrementou sua intenção de voto dos 31% na eleição para 33% na pesquisa Datafolha. Os votos de Heloísa Helena e de Cristovam Buarque se dividiram entre Lula e Alckmin.


 


Grandes desafios se colocam, entretanto, para a reeleição do presidente Lula neste 2º. turno. Em plano nacional houve a necessária reorganização da direção do PT, com a decisão do Diretório Nacional de nomear o coordenador da campanha, Marco Aurélio Garcia, para a função de presidente nacional do PT, com o afastamento de Ricardo Berzoini. Em nível regional, a palavra-de-ordem é reforçar a campanha no chamado Triângulo das Bermudas: Minas, Rio de Janeiro e São Paulo. Manter e ampliar a votação em Minas Gerais, onde o candidato Lula obteve 50,8% contra 40,6% de Alckmin, é uma necessidade imperiosa pois  o governador reeleito Aécio Neves poderá jogar todo o seu peso político a favor de Alckmin.


 


Neste sentido o comando da campanha de Lula destacou quadros de vários partidos da base de sustentação do Governo para mobilizar as forças vivas do campo progressista em Minas para reforçar a candidatura do atual presidente da República. Esforço concentrado foi dedicado ao estado do Rio de Janeiro, com a intervenção direta de Lula conversando com lideranças expressivas como Jandira Feghali (PCdoB), candidata muito bem votada para o senado da República, o senador Crivela (PRB) e o candidato ao governo do Rio neste 2º. turno, Sergio Cabral (PMDB) — que declarou apoio ao presidente logo na segunda-feira. Em São Paulo, foi alterado o comando político da campanha de Lula, com a ex-prefeita da capital Marta Suplicy assumindo a responsabilidade principal nesta etapa da eleição.


 


Outro desafio importante é elevar o nível do debate político nesta campanha, rebaixado pela estratégia de Alckmin/FHC/Bornhausen de denuncismo no estilo fascista, dando divulgação a argumentos consistentes na esfera política/programática, que foi afetada pela regulamentação da legislação eleitoral anti-democrática e restritiva. Enfrentar este desafio é a pauta da seqüência de debates que se iniciou no último domingo, inaugurando uma nova fase na discussão política em torno dos projetos de desenvolvimento para o nosso país.