O Brasil e o desafio do Conselho Mundial da Paz
Na última sexta-feira, dia 11, os delegados de 83 nações presentes na Assembléia do Conselho Mundial da Paz (CMP), em […]
Publicado 15/04/2008 19:38
Na última sexta-feira, dia 11, os delegados de 83 nações presentes na Assembléia do Conselho Mundial da Paz (CMP), em Caracas, elegeram por aclamação a brasileira Socorro Gomes, do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz), para presidir a entidade na gestão 2008-2012.
É uma conquista e uma honra para os brasileiros comprometidos com esta causa, mas, em primeiro lugar, uma enorme responsabilidade e um desafio.
A eleição de Socorro, assim como a escolha da Venezuela para sediar a reunião, têm tudo a ver com o novo lugar da América Latina no mapa político mundial. O ''continente rebelde'', como o chamou a presidente recém-eleita, concentra hoje boa parte das esperanças das forças progressistas e amantes da paz em todos os paralelos e meridianos. A opção do CMP expressa esta expectativa.
O Conselho Mundial da Paz foi fundado em 1949, no quadro da Guerra Fria, impulsionado pela União Soviética, o campo socialista e os partidos comunistas. Já mobilizou milhões de pessoas, e contou com a ajuda de nomes como Pablo Picasso, Albert Einstein, Pablo Neruda, Ilya Ehrenburg, Oscar Niemeyer, Josué de Castro. Sofreu um duro golpe com o colapso do campo soviético, mas decidiu perseverar em sua proposta, com base na leitura de que a bandeira da paz continua a ter um papel decisivo.
Logo as ocupações militares do Afeganistão e Iraque, assim como a doutrina estadunidense de guerra global ''contra o terrorismo'', comprovaram o acerto da escolha. A Assembléia de Caracas indica uma fase nova, de renovação e expansão, nos 59 anos de existência do CMP.
Enquanto isso, a causa da paz disseminou-se e popularizou-se pelo mundo, na razão direta da agressividade da superpotência estadunidense. O ponto alto deste novo momento foi a manifestação de 15 de fevereiro de 2003, com 30 milhões de pessoas em 600 localidades dos seis continentes, contra a iminente invasão do Iraque. Ao mesmo tempo em que se espraia, a luta pela paz reforça o seu caráter antiimperialista e pela autodeterminação dos povos, seu conteúdo revolucionário.
O Cebrapaz é uma jovem organização, fundada em dezembro de 2004. Faz parte desta nova safra antimilitarista e desta inédita rede planetária que tem a internet como cimento e os Fóruns Sociais Mundiais como pontos de encontro.
Para o Cebrapaz e o conjunto do movimento no Brasil, a presidência do Conselho Mundial da Paz é antes de mais nada um desafio. Em primeiro lugar, realça a necessidade de unificar e multiplicar os esforços da solidariedade e da luta pela paz no próprio Brasil – servindo de vetor aos incontáveis movimentos político-sociais que possuem este compromisso.
Transformar essa força potencial em ação de massas, concreta e coordenada é a tarefa que se impõe. Corresponde a um imperativo da consciência antimilitarista. E a partir de agora passa a ter também o sentido de uma retribuição à confiança manifestada pelas centenas de delegados que se reuniram em Caracas.