O que disseram as urnas venezuelanas

O presidente Hugo Chávez não blefa quando qualifica de ''grande vitória socialista'' o 23N – 23 de novembro, data das […]

O presidente Hugo Chávez não blefa quando qualifica de ''grande vitória
socialista'' o 23N – 23 de novembro, data das eleições regionais de
domingo passado. Parafraseando Simón Bolívar, ele agregou: ''O impulso da
revolução está dado, nada nem ninguém poderá detê-lo, só devemos ter
tino estratégico para dar-lhe a direção correta – o socialismo, mas um
socialismo nosso, venezuelano, bolivariano.''


 


A contagem dos votos dá razão a Chávez. O comparecimento eleitoral foi
sem precedentes, 65% dos venezuelanos aptos a votar. O PSUV (Partido
Socialista Unificado da Venezuela), fundado há apenas um ano para dar
sustentação ao projeto bolivariano, teve 5,5 milhões de votos, 20% a
mais que em 2007. A oposição, fragmentada em meia dúzia de siglas, somou
4,3 milhões de votos, 10% a menos. Os dissidentes do bolivarianismo,
como o movimento Podemos, foram duramente castigados nas urnas. O PSUV
venceu em 17 dos 22 estados e 264 das 328 prefeituras em disputa.


 


O triunfo geral bolivariano foi matizado por algumas vitórias locais da
direita. As mais sentidas foram em Zulia, o estado mais rico, onde a
oposição conservadora se manteve no governo apesar do esforço
bolivariano para reverter esse quadro; no governo distrital de Caracas;
e no estado de Miranda, onde fica parte da região metropolitana
caraquenha, e onde foi eleito um governador fascista, golpista de 2002.


 


''Nós reconhecemos vitórias limitadas, parciais, setoriais, de alguns
movimentos opositores e alguns líderes opositores'', admitiu Chávez. ''Eu
reconheço o triunfo deles e, como chefe de Estado, faço-lhes um
chamamento para que atendam ao povo, governem com transparência,
reconheçam o chefe de Estado e a Constituição'', agregou.


 


''Descuidamo-nos em alguns lugares'', avaliou Chávez sobre os resultados
adversos, dizendo-se convencido de que será preciso fazer ''uma
autocrítica quanto a algumas questões''. Ele fez uma referência
específica a Petare, zona de concentração de imensas favelas da capital
venezuelana pertencente a Miranda, e tradicional reduto bolivariano. Ali
''houve um descuido, uma quebra'', admitiu.


 


Assim avançam os processos democráticos e patrióticos, antiimperialistas
e revolucionários latino-americanos. Cada passo é uma batalha. Nenhum
espaço lhes é presenteado pela oligarquia dominante e seus aliados do
Norte. Estas encaram o fim do seu domínio como se fosse o fim do mundo.
Quanto mais mordem o pó da derrota (esta foi a 12ª eleição e a 11ª
vitória do ''chavismo'' em dez anos), mais se esganiçam e se encarniçam em
seus esforços para restaurar seu paraíso perdido.


 


Neste combate que se anuncia prolongado e sinuoso, os trunfos das forças
avançadas residem em sua unidade e nas raízes que possuem nas grandes
massas do povo. Há que cuidar delas como o mais precioso dos tesouros.