Quem financia o Dalai Lama?

Este ano de 2009, quando se comemora os 60 anos da Revolução Chinesa, será um período de muitas avaliações da […]

Este ano de 2009, quando se comemora os 60 anos da Revolução Chinesa, será um período de muitas avaliações da aplicação do socialismo com as características chinesas. Elas serão feitas pelos próprios chineses, mas também pelos estadunidenses, como mostra a revista Foreing Affairs, uma espécie de órgão oficioso da política externa dos EUA. Ela dedica parte de sua edição de janeiro/fevereiro à análise da crise econômica e financeira desencadeada a partir dos EUA e o conseqüente enfraquecimento do poder capitalista no mundo. Ao lado desta análise, um artigo de Harold James destaca o crescimento do que ele denomina de ''Modelo Chinês'' de desenvolvimento, e a nova configuração estratégica mundial decorrente do que eles identificam como o maior colapso econômico em 75 anos de história.


 


Mas há outras fontes que permitem compreender como os EUA se posicionaram frente ao novo regime instalado em Pequim em 1949 e de que forma utilizaram as contradições geradas no Tibet contra o avanço civilizacional proporcionado pelo socialismo. Duas delas são os livros lançados em 2008 sobre o Tibet.


 


Um deles, de Kenneth Conboy, foi definido por William Leary, um estudioso da história da CIA, como ''um impressionante estudo sobre uma das mais importantes operações secretas da espionagem dos EUA durante a chamada Guerra Fria''. Trata-se de The CIA's Secret War in Tibet (A Guerra Secreta da CIA no Tibet). Ele relata como após a vitória da Revolução Chinesa, em 1949, o Partido Comunista da China tomou o poder no Tibet que, no curso dos dois séculos anteriores, não havia sido reconhecido como independente por nenhum país, e era considerado pela comunidade internacional como parte integrante de China, entre eles a Índia e a Inglaterra. Só os EUA se mostraram vacilantes, mudando a política seguida até a Segunda Guerra Mundial, quando consideravam o Tibet como uma parte da China e procuravam frear os avanços da Inglaterra sobre o território. Mas, após a guerra, Washington mudou, e passou a considerar o Tibet como um enclave religioso, que passou a usar para combater o Governo popular que nascia.


 


Em 1951, a aristocracia do Tibet concordou em negociar com a China um pacto de convivência, para a transição ao socialismo. Cinco anos depois, no entanto, pressionadas pelo movimento camponês, as autoridades revolucionárias iniciaram uma reforma agrária em alguns territórios tibetanos. Foi a senha para o conflito. A elite local repeliu a iniciativa e, em 1959, provocou um levante armado, revolta que foi preparada durante vários anos, sob a direção do serviço secreto dos EUA, a CIA.


 


O outro livro, Buddha's Warriors – The story of the CIA-backed Tibetan Freedom Fighters (Os Guerreiros de Budha – A história dos lutadores pela Liberdade no Tibet apoiados pela CIA), de Mikel Dunham, explica como a agência de inteligência levou centenas de tibetanos para os EUA, para treinamento bélico, e como lhes supriu de armas modernas.


 


O prefácio foi redigido por ''sua Santidade o Dalai-Lama'', que considerou uma honra o fato de que a rebelião separatista armada tenha sido dirigida pela CIA porque, anotou, ''os EUA são os campeões da Democracia e da Liberdade''.


 


Em outubro de 2008, o parlamento dos EUA entregou ao Dalai-Lama a Medalha de Ouro, a condecoração mais importante que pode conferir a alguém. Sua (sempre sorridente) ''Santidade'' pronunciou um discurso onde louvou Bush por seus ''esforços em nível mundial em favor da Liberdade, da Democracia e dos Direitos Humanos''.


 


São acontecimentos que deixam evidente quem financia o Dalai-Lama e seus monges, não só por seu anticomunismo hidrófobo como também por seu racismo fascista que condena os casamentos entre tibetanos e os ''demais''.


 


Eles ajudam, também, a entender a mobilização da mídia ocidental contra a China, toda a agitação feita antes e durante as Olimpíadas em Pequim e a tentativa permanente da aristocracia tibetana, dirigida pelo Dalai-Lama e financiada pela CIA, de criar problemas diplomáticos com o Governo chinês.