Repúdio à perseguição, solidariedade aos metroviários!

Um atentado contra a democracia, contra os trabalhadores está em curso em São Paulo. O governador José Serra desencadeou uma […]

Um atentado contra a democracia, contra os trabalhadores está em curso em São Paulo. O governador José Serra desencadeou uma perseguição contra os trabalhadores do Metrô e o sindicato que os representa. Por pura represália à legítima greve que a categoria realizou na semana passada, 61 profissionais do Metrô, muitos com longos anos de serviços prestados à empresa, foram demitidos.



Além disso, a Companhia do Metrô publicou nota paga nos grandes jornais incitando a população contra os metroviários. Nessa bula raivosa a empresa apresenta os trabalhadores como uma elite privilegiada que ganha altos salários e uma série de regalias. Simultaneamente, a grande mídia entrou em ação satanizando o movimento dos trabalhadores e apresentando-os como algozes da população.



Foi forjado, portanto, no curso da greve, por responsabilidade do governo estadual um clima de hostilidade contra os metroviários. E nessa circunstância o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) tomou uma decisão extremamente danosa contra o Sindicato dos Metroviários. Além de considerar a greve abusiva, multou a entidade em quase dois milhões de reais.



Toda essa orquestração resultou numa espécie de senha para a direita expor com ampla desenvoltura seu ódio à luta dos trabalhadores. Desde essa lastimável decisão do TRT,  professores e doutores foram arregimentados às pressas para louvar nos grandes jornais o “castigo exemplar” imposto à categoria e à entidade sindical. Imperativamente exigem que a multa milionária seja efetivamente paga. Na verdade, pela linguagem do dinheiro estão a proclamar que o sindicato deveria ser fechado.



Qual foi o motivo da greve? Por que os metroviários se viram a contragosto terem de recorrer a essa forma de luta que embora legal e legítima eles mais do que ninguém têm consciência dos transtornos que provoca?  Os metroviários há tempos têm participação nos resultados (PR) da empresa, isso por força de legislação federal. Essa participação é distribuída de forma igual entre o coletivo de trabalhadores. A greve estourou porque a Companhia do Metrô quer impor que a distribuição passe a ser desigual, beneficiando as chefias que ganham salários mais altos.



Pode haver um motivo mais justo para uma greve? Num país que luta contra a concentração de renda, o Sindicato e a categoria procuram dar seu exemplo. Os trabalhadores já recebem remuneração diferenciada consoante a qualificação de cada  um. Entendem, entretanto, que a PR, um ganho extra, deve ser repartida por igual, pois a pujança da empresa é fruto do empenho de todos.



Há de se perguntar, então, o porquê dessa “operação de guerra” do governo de São Paulo contra essa categoria de trabalhadores cujo desempenho é positivamente avaliado pela população.



Não há motivo legítimo que a justifique. Pretende o governador Serra repetir “a operação de cerco e aniquilamento” que FHC levou a cabo contra os Petroleiros, sinalizando seu intento “de quebrar a espinha dorsal” do movimento sindical brasileiro? São Paulo descambará para o retrocesso? O movimento social será tratado como caso de Polícia?



Acaba de estourar um buraco novo na linha 4 do Metrô. Na cratera que se irrompeu anteriormente vidas humanas foram ceifadas e grandes prejuízos foram causados ao povo e à cidade. Nesse triste episodio, como agiu o governo Serra? Puniu as empresas ou responsáveis pela tragédia? As medidas não passaram de lances cosméticos e burocráticos. Nem sequer conclui-se a apuração das responsabilidades, o que sucinta uma possível impunidade.



Já para com os trabalhadores do Metrô e seu sindicato, o governo é “corajoso” e implacável. Sindicato, sublinhe-se, que alertou por várias vezes os prejuízos e riscos que o modelo escolhido para a expansão da malha poderia provocar.



Essa perseguição contra os trabalhadores, essa ação contra o direito de greve e que adota o  caminho da criminalização dos movimentos sociais, requer o repúdio do campo democrático, progressista e popular de nosso país e uma efetiva solidariedade aos metroviários e ao sindicato.



Essa ação política pode-se efetivar por iniciativas variadas. Entidades do movimento social anunciam a realização em breve de um ato de solidariedade. É importante o envio de mensagens de apoio ao Sindicato e notas de repúdio ao governo do Estado, alertando-o a recuar desse perigoso caminho da negação da democracia.