Rumo à vitória

O Brasil vive, neste domingo, a fase final não só do processo eleitoral, mas principalmente da luta pelo poder iniciada há mais de um ano e meio, quando começou o jogo sujo da direita contra o governo do presidente Lula.



Quando as acusações da direita começaram, em maio de 2005, seu primeiro objetivo foi impor ao presidente Lula, o compromisso de não se candidatar à reeleição; depois, investiram pesado contra o primeiro mandatário do país, oscilando entre a busca de seu afastamento e o desgaste (a “descontrução”) de sua imagem. Mas não conseguiram reunir forças políticas para o golpe contra a legalidade, e prevaleceu a tática do jagunço, de sangrar o presidente lelvando-o enfraquecido à eleição.



Como não deu certo, passaram a difundir a tese de que a reeleição seria ilegítima em decorrência das acusações lançadas contra Lula e as forças que apóiam sua permanência na presidência da República por mais um período de quatro anos. Ante a inevitável reeleição, anunciada pelas pesquisas de opinião, que mostraram o crescimento constante do candidato da coalizão A Força do Povo, apegaram-se a outra tese, a do “terceiro turno”, demonstrando a disposição, de alguns líderes históricos da direita reunida em torno do eixo PSDB/PFL, de continuar a entoar o mesmo mantra falsamente moralista dos últimos meses.



O rosário de denúncias, com fundamentos frágeis apesar do alarde midiático, desmoralizou a cruzada falsamente moralista, e a revelação da operação de montagem de factóides para repercutir na mídia, envolvendo políticos da direita, policiais, membros do judiciário e jornalistas enfraqueceu aquela que parecia a arma poderosa da oposição, a divulgação de dossiês de forte impacto para prejudicar Lula, como ocorreu nas vésperas do primeiro turno. 



O quadro que vai se desenhando para o período posterior à eleição não é efetivamente o cenário dos sonhos dessas lideranças ultrapassadas. Em primeiro lugar, a eleição de primeiro de outubro expôs o escasso apoio popular daqueles cardeais tucano pefelistas, que foram derrotados em toda linha. Em São Paulo, os sinais são de um enfraquecimento irremediável da liderança de Fernando Henrique Cardoso, acentuado com a derrota, que se avizinha, de Geraldo Alckmin; foram à lona Tasso Jereissati, no Ceará; Antonio Carlos Magalhães, na Bahia; Jorge Bornhausen, em Santa Catarina; Arthur Virgílio, no Amazonas; Marco Maciel, em Pernambuco. Tudo isso prenuncia um provável realinhamento da oposição em torno de  outras lideranças como o governador Aécio Neves, de Minas Gerais e o governador eleito de São Paulo, José Serra.



Não se confirmaram os vaticínios de que Lula, no segundo mandato, enfrentaria um congresso mais oposicionista. Ao contrário, as indicações são de que poderá ter melhores condições de governabilidade, como revela o levantamento do DIAP que arrolou os cem parlamentares (deputados federais e senadores) que terão mais influência no Congresso que toma posse em fevereiro. É a já tradicional lista dos “cem cabeças” do Congresso, onde o PT, PCdoB e PSB  figuram com 37 parlamentates, contra 30 do PSDB/PFL. Somando-se os quinze do PMDB, o governo teria 52 entre aqueles que formam a vanguarda do parlamento brasileiro e influenciam o comportamento de seus pares.



Ao contrário dos desejos da direita, o foco da campanha política nestas três semanas que antecederam o segundo turno foi programático, e não moralista. Prevaleceu a polarização entre o privatismo neoliberal de Alckmin e da direita, contra a busca do desenvolvimento e de um novo rumo para o Brasil, defendidos por Lula e pela frente A Força do Povo



Esta é a importância fundamental da reeleição de Lula: os brasileiros querem um país soberano, independente, fortalecido, com crescimento econômico e bem estar para o povo. O primeiro mandato do presidente Lula superou a falência herdada dos oito anos de FHC e crise criou as condições para a retomada do crescimento mais consistente. Um novo mandato é necessário para que este rumo seja mantido e os brasileiros possam colher os frutos daquilo que foi plantado desde 2003. Este é o significado imediato da provável reeleição; o sentido mais profundo, nesta mesma direção, é o de impor uma derrota histórica à direita, consolidando e aprofundando as mudanças progressistas que o país necessita, fortalecendo a democracia e a participação popular na vida política nacional.


 


Que vença o povo, que ganhe Lula!