Sinais positivos na República

Esta semana foi palco de um conjunto de manifestações e ações concretas do governo brasileiro que merecem destaque.

A primeira delas foi a conduta solidária e justa da diplomacia brasileira de acolher o presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Os jornalões e tevês em nosso país adotaram o mesmo ponto de vista tacanho dos golpistas hondurenhos, e tentaram desqualificar a ação brasileira. A extravagância dessa opinião ficou nítida, porém quando o próprio Conselho de Segurança da ONU condenou (dia 25) as ações intimidatórias dos usurpadores do governo de Honduras contra a embaixada brasileira e sinalizou a desaprovação do golpe, recomendando o tratamento da questão no âmbito da OEA.

Em Pittsburgh (EUA) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse esperar que “se cumpram as decisões tomadas pelo Conselho de Segurança, incluindo o respeito à integridade da embaixada e a suspensão do cerco”. A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, por sua vez, declarou em São Paulo não acreditar que a ONU, a OEA, qualquer país latino-americano, os Estados Unidos, respondam às posições dos golpistas aceitando negociar a não restituição de Zelaya “para a sua situação de presidente constitucional. Eu não posso dizer que se a ditadura ficar um pouco menos ditadura nós aceitamos a ditadura”.

Ainda na esfera internacional, o resultado da reunião dos chefes de estado do G 20, grupo que reúne as vinte maiores economias do planeta, teve o significado de uma mudança estrutural nas relações de poder no mundo. Foram duas alterações profundas. A primeira é o fim do antigo G 8, que reunia os sete mais ricos (EUA, Canadá, Alemanha, Japão, Grã-Bretanha, França e Itália mais a Rússia), substituído pelo G 20 (aqueles oito países mais África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, México e Turquia, além da União Européia). Ela representa a ampliação da presença dos países emergentes no principal fórum mundial de decisões políticas. A outra foi o aumento das cotas de participação dos chamados países emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI) e a sua subordinação ao G 20, indicando o enfraquecimento do monopólio dos países ricos no controle desta instituição.

O cenário interno também foi marcado por acontecimentos relevantes. Um deles foi a manifestação de José Sarney, presidente do Senado, contra a instalação de uma CPI para investigar o Movimento dos Sem-Terra, o MST. Disse não ver nela nenhum benefício para o dramático problema da distribuição fundiária no país. Melhor seria, disse, que aproveitássemos o conhecimento e a vivência do MST sobre a questão agrária para avançarmos uma solução para o problema.

Já o vice José Alencar, no exercício da presidência da República, deu sua contribuição ao debate geopolítico que se trava no mundo sobre a questão nuclear ao defender o direito do Brasil dominar essa tecnologia para o desenvolvimento científico do país e também para sua defesa. Esta é uma questão-chave para a soberania do Brasil, especialmente após a descoberta de importantes jazidas de gás e petróleo no pré-sal, atiçando a cobiça imperialista. Para Alencar o Brasil precisa ter poder dissuasivo para defender sua soberania.

São sinais positivos que, contrariando a torcida contrária da direita, do tucanato e de seus sabujos na mídia hegemônica, indicam avanços que o Brasil vem conseguindo. Eles são mais concretos na esfera internacional, pela projeção e protagonismo que o país vem alcançando e também pelo reconhecimento de sua autoridade e liderança. Na política nacional, o debate avança em setores tão diferentes como a reforma agrária e a questão nuclear, mas eles convergem para fortalecer a importância de mudanças que tornem o país mais justo e soberano.