Vitória temporária na Embraer

O costumeiro hábito de muitos empresários, de avaliar o desempenho de seus negócios olhando apenas para os números, sem levar […]

O costumeiro hábito de muitos empresários, de avaliar o desempenho de seus negócios olhando apenas para os números, sem levar em conta que suas decisões afetam muitas pessoas e outras empresas que são fornecedoras da sua ou que produzem bens consumidos por seus trabalhadores, sofreu um revés com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP) que suspendeu as 4.270 demissões anunciadas pela Embraer no dia 19 de fevereiro, atingindo principalmente as unidades de São José dos Campos e Botucatu (SP).


 


Foi uma vitória temporária dos trabalhadores – a suspensão vale até o dia 5 de março, quando haverá a audiência de conciliação entre a empresa e as centrais sindicais (Força Sindical e Conlutas) que, juntamente com os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos e de Botucatu, entraram na justiça contestando a medida tomada pela empresa, que é a terceira maior fabricante de aviões do  mundo, atrás apenas da Boeing e da Airbus.


 


O sindicato acusa a Embraer de má fé e diz que as dispensas foram feitas de forma irregular, sem negociação com os sindicatos nem o exame de alternativas para enfrentar uma eventual crise.


 


A verdade é que, ao contrário do alegado pela direção da Embraer, não houve queda na produção: em 2008, foram produzidos 205 aviões e, neste ano, as encomendas chegam a 242, o que representa um aumento de 18%.


 


Além entrar na Justiça do Trabalho com uma ação de dissídio coletivo para anular as dispensas, os sindicatos mobilizaram os trabalhadores que, na sexta feira (dia 27) realizaram uma protesto na portaria principal da Embraer, em São José dos Campos, aumentando a pressão contra a direção da empresa que, em reunião com o presidente Lula, no dia 25, afirmou a disposição de manter as demissões.


 


A suspensão das demissões pela Justiça do Trabalho aponta em sentido contrário: se não houver acordo na reunião marcada para 5 de março, a decisão será tomada pelo Tribunal, e isso não deixa de ser um novo alento para os trabalhadores, o de que sua situação seja levada em conta, e não apenas os números frios nos quais os empresários lamentam lucros que previam e que, este ano, serão muito altos.