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Publicado 30/03/2007 14:17 | Editado 13/12/2019 03:30
Que outros falem da sua vergonha
eu falo da minha.
Ó Alemanha, pálida mãe!
Como apareces manchada
Entre as nações.
Entre os imundos
Te destacas
De teus filhos o mais pobre
Jaz abatido.
Quanto sua fome era grande
Teus outros filhos
Ergueram a mão contra ele.
Isto ficou notório.
Com as mãos assim erguidas
Erguidas contra seu irmão
Passeiam insolentes à tua volta
E riem na tua cara
Isto é sabido.
Em tua casa
Grita-se alto a mentira
Mas a verdade
Tem que calar.
Então é assim?
Por que te louvam os opressores em roda, mas
Os oprimidos te acusam?
Os explorados
Te apontam com o dedo, mas
Os exploradores elogiam o sistema
Engenhado em tua casa!
E nisso te vêem todos
Esconderes a barra do vestido, ensangüentada
Do sangue do teu
Melhor filho.
Ouvindo as falas que vêm da tua casa, rimos.
Mas quem te vê, corre a pegar a faca
Como à vista de um facínora.
Ó Alemanha, pálida mãe!
Como te trataram teus filhos.
Que assim apareces entre os povos
Um escárnio e um pavor!
Brecht Poemas 1913 – 1956
Seleção e Tradução de Paulo César Souza
3ª edição – Editora Brasiliense