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Publicado 18/04/2007 19:34 | Editado 13/12/2019 03:30
No sertão nordestinado
a feira do povo
é a economia de centavos.
São ovos ambicionados
até os seus avos sextavados.
Um real é dinheiro
digno de consideração e apreço.
Galinha do pé seco
sai que só vendo.
Mais velhas do que elas
só a eterna necessidade
Dos que nasceram
na barriga da miséria
Manga e mamacadela
fazem lama
Quem vendeu umbu à beça
agradece com um sorriso alegroso
Pitomba e melancia
estão em promoção
No chão azinabrado pelo sangue
dos animais carneados
À vista do freguês, para ele ver
o quanto é duro morrer.
Cabeça de bode, porcos e vacas
nos fitam, com olhar esbugalhado
Na feira do povo muita vida há que morrer
para sustentar os que só vivem para comer.
Os fregueses vêem de longe,
De esturricadas ravinas
Da vida ávida por tornar-se
em tudo harmoniosa e abundante
Enfim existindo para além
dos limites do estômago.