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Brasigóis Felício: Crítica da razão florida

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O modo como a flor se inclina
para onde deve, é um mistério
que cientista algum descreve
– não precisa apresentar credenciais
aos parvos homens, pois seu currículo
é anterior a todos os nomes.


 


A folha sabe mais de marketing de rede
do que os papas da propaganda;
embora geometrizada
segundo a sabedoria divina
do número PI, não tem conhecimento
de um número tão absoluto
que pode ser chamado de irracional.


 


A rosa resolve de modo
matematicamente perfeito
a ordem das pétalas, de modo a ser
elegante e bela. Assim como
as folhas do coqueiro
não entram em guerras fratricidas
para serem as primeiras
a receber o beijo do sol.


 


Em sua divina sabedoria,
a natureza flui à luz da crítica
da Razão Áurea: não precisa conhecer
a crítica da razão pura,
nem o abacate precisa explicar sua doçura
à luz das obras de René Descartes.