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Brasigóis Felício: Silêncio em Pedra

*

Muitas vezes eu parti chorando
na solidão das mil paisagens em que via
desfigurar no meu passado o meu futuro;
e fere e frio no meu verso sempre estavam


 


Foi-se o tempo e com ele a nostalgia
que eu trazia em minhas mãos sem vida e nexo
sem função de acarinhar, mas como um cetro;
não sem frieza converti-me ao ser de agora


 


que tem a fúria de mil loucos num só tempo
nesse vazio que nasceu do meu desejo
– a plenitude foi coisa viva no meu peito


 


Agora um verso fere a lira dessas rugas
distribuídas como um rio no meu rosto
que virou pedra de amargura e dor sem tempo.


 


Martírio das Horas Poemas – Brasigóis Felício
Editora Oriente