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Byron Beppo: Uma História Veneziana

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LXXIII


 


Ah, esses antiquados poetinhas
   Que, tentando pescar a própria Glória,
Não pegam nada mais do que sardinhas,
   Porém não dão a mão à palmatória,
E insistem – ah, esses bardos das mocinhas,
   Petrarcas de salão, a própria escória
Do Parnasso, Orfeus de libré, Tritões,
Dos aquários – em suma, uns paspalhões!


 


LXXIV


 


Oráculos de insípidas asneiras
   Que se extasiam com a mediocridade;
Que, como ansiosas moscas varejeiras,
   Esvoaçam sobre cada novidade;
Que engolem cru, a seco e às carreiras,
   Cada farelo de notoriedade –
Vertem línguas que sabem do A pra trás,
E escrevem peças piores do que más.


 


LXXV


 


No meu entender, não há pior fracasso
   Que limitar-se a ser só escritor,
Com sua farda de papel almaço,
   Cheio de ânsia, espírito e rancor;
Se vejo alguém assim, nem sei o que faço,
   Porém confirmo que têm mais valor
Os dândis mais vazios e perdulários
Do que esses reles papa-dicionários.


 


LXXVI


 


Que diferença entre uma tal criatura
   E aqueles que amam as letras com paixão,
Porém acima da literatura
   Têm pelo mundo amor viril e são,
Poetas como Scott, Rogers e Moore, ah!1
   E quanto aos poetastros de salão,
Que tomem chá, proclamem pataratas
E pontifiquem entre as literatas.