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Luana Bonone: Beleza triste

*

Homem negro, liberto


Luta e canta sua cultura


Capoeira lenta


Jogada no chão


 


 


O lamento da capoeira angola


É de saudade e libertação


 


 


Pássaro negro, vistoso


Canta triste e lindamente


Pássaro preso


Destituído de visão


 


 


O canto do assum preto


É de saudade e conformação


 


 


Idéias desvairadas, desconexas


E o semblante repleto de uma alegria muito triste


Vaga entre sentimentos confusos


E infundados, seja euforia ou depressão


 


 


Os olhos incompreensíveis do louco


São também de saudade, e alienação


 


 


Ouvi dizer que toda beleza é triste


Contestei veemente


(Tenho lembrança de belezas mui alegres)


A saudade decepou minha convicção


 


 


Descobri que a saudade é a própria contradição da alegria


 


 


Ela vem dentro da felicidade


Camuflada atrás de um sorriso


Ou de um olhar mais profundo


Dança entre os dedos que acariciam


Espreita cada sussurro


 


 


Saudade tem “xero”


 


 


Bela e triste,


Foi ela quem me provou a sabedoria do amigo poeta


Derrubou um bocado de certezas que eu tinha


E me fez querer um pouco mais de sol