Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, disse que o golpe de Estado na Bolívia é para isolar o futuro presidente da Argentina, Alberto Fernández. Para ele, considerando que com a auto proclamação presidencial de Jeanine Áñez, foi estabelecida uma ditadura cívico-militar no país vizinho.
Centenas de milhares de bolivianos tomaram as ruas da capital, La Paz, nesta segunda-feira (18), para repudiar o golpe “fascista, racista e neoliberal” e “exigir a renúncia da autoproclamada presidenta Janine Áñez”.
Leonardo Wexell Severo, na Hora do Po
Como uma espessa nuvem noturna, o ódio percorre vorazmente os bairros das classes médias urbanas tradicionais da Bolívia. Seus olhos transbordam de ira. Não gritam, cospem; não pedem, impõem. Seus cânticos não são de esperança nem irmandade, são de desprezo e discriminação contra os índios. Montam em suas motos, sobem em suas camionetes, se agrupam em seus grêmios carnavalescos e universidades privadas e saem à caça de índios insolentes que se atreveram a lhes tomar o poder.
Primeiro indígena a ser eleito presidente da Bolívia, Evo Morales está na Cidade do México, com intensa agenda de entrevistas. Manteve o hábito de levantar-se de madrugada desde que se tornou asilado político, após ser deposto por um golpe militar. Em entrevista à BBC News Mundo, ele afirma que a OEA (Organização dos Estados Americanos) “também é responsável pelo golpe de Estado” e diz que o novo governo na Bolívia, uma “ditadura”, terá resistência de movimentos sociais e indígenas. Confira.
Como resultado dos protestos, os alimentos começaram a ser escassos nos mercados populares, o que gerou especulação de preços.
Ministra da Comunicação Roxana Lizárraga diz que “sediciosos” estão mapeados.
Wiphala, música e protesto: bolivianos e brasileiros colorem Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, contra o golpe e o racismo
A morte de nove pessoas pelos mãos da polícia e dos militares, perto de Cochabamba, agrava o clima de tensão na Bolívia.
No resumo das principais notícias da semana de 09 a 15 de novembro de 2019, no Portal Vermelho, o jornalista e escritor José Carlos Ruy destaca o golpe de Estado na Bolívia, as manifestações no Chile e os ataque aos trabalhadores.
Métodos violentos se combinam com ações diplomáticas truculentas, elevando as tensões políticas na região.
Com a Whipala, símbolo da Pátria, tremulando ao alto, uma gigantesca marcha tomou La Paz nesta quinta-feira (14) contra o golpe de Estado e garantiu que o Senado e Câmara da Bolívia passem a ser presididos respectivamente por Mônica Eva Copa e Sérgio Choque, do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido do presidente Evo Morales, maioria no parlamento.
Por Leonardo Wexell Severo
O golpe na Bolívia, diz o ex-chanceler Celso Amorim, foi uma reação aos levantes populares no Chile e no Equador e à eleição de Alberto Fernández na Argentina e integra a disputa intestina pelo poder na América do Sul. Por experiência própria, o ex-ministro, que mediou em 2008 conflitos no país, conhece a veia “conspiratória” da oposição boliviana e a influência profunda dos Estados Unidos na região.
Por Sergio Lirio