A questão do câmbio – tendência à valorização do Real frente ao dólar – é o principal problema da atualidade no Brasil, e não é apenas um problema econômico. A avaliação do economista Lecio Morais, assessor técnico na Câmara dos Deputados, é de que o Brasil deve adotar medidas restritivas à entrada de divisas e regulamentar o mercado interno de moeda, de modo a reduzir a livre flutuação do Real, diminuindo o custo fiscal e iniciando uma progressiva desvalorização.
Cauteloso com as palavras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sabe que, se deixar, corre o risco de ver as ideias que defende dentro do governo serem deturpadas pelo viés financista que domina o debate econômico no país.
O dólar comercial manteve o viés adquirido ontem e terminou a quinta-feira em baixa contra o real. Ao final da jornada, a moeda era negociada a R$ 1,750 na compra e R$ 1,752 na venda, baixa de 0,28%.A esse preço, o dólar acumula desvalorização de 24,93% em 2009. Vale lembrar que em 2008, a moeda americana subiu 31,34%.
O Brasil vivenciará uma "pressão cambial astronômica" em um período de um a dois anos e, por isso, são necessárias medidas adicionais para reduzir o "apetite" do capital especulativo pelo país, segundo alerta o superintendente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Ernani Torres. Ele acredita que um dos mais sérios problemas da economia é que o Brasil se tornou "uma das principais trincheiras da nova bolha especulativa internacional".
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou nesta terça-feira (20), que a taxação de aplicações financeiras com uma alíquota de 2%, a partir de hoje, não vai afugentar investidores, pois "o governo não está taxando investimento externo direto". A Bovespa sofreu forte queda durante o dia e o dólar se valorizou, em consequência da medida.
O capital estrangeiro que entrar no Brasil para aplicações em renda fixa e Bolsa de Valores será tributado a partir de terça-feira (20), anunciou o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega. Os recursos pagarão 2% de IOF ( Imposto sobre Operações Financeiras). "Nossa preocupação é com excesso de aplicações especulativas de curto prazo que venham a fazer uma bolha na nossa bolsa", disse Mantega ao explicar a medida.