Empossado no mês passado na Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o engenheiro civil com mestrado em hidrologia e doutorado em recursos hídricos Benedito Braga parece ter todos os predicados necessários para conduzir a pasta – à qual a Sabesp está subordinada – em um momento delicado como a atual crise de abastecimento, que pode levar a um racionamento de água severo e até ao esgotamento do Sistema Cantareira.
A crise hídrica ainda está longe de acabar, mas o volume de água armazenada subiu desta quinta-feira (5) para essa sexta-feira(6) nos seis sistemas de abastecimento administrados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A elevação é resultado das chuvas praticamente contínuas que caíram tanto na região metropolitana quanto nas cabeceiras dos mananciais, informou a empresa.
O nível do Sistema Cantareira, o principal manancial de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, ficou estável nesta quinta-feira (5) em 5,2% depois de duas altas consecutivas. Desde o começo de fevereiro, já choveu sobre esse sistema 54,8 milímetros (mm) – bem mais do que em igual período de janeiro, quando o volume tinha atingido apenas 8,7 mm. A média histórica para o mês é 199,1 mm.
A Agência Nacional de Águas (ANA) determinou a redução temporária, até o dia 28 de fevereiro, do limite mínimo de vazão à barragem de Santa Cecília, no Rio Paraíba do Sul, que abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro, de 190 metros cúbicos por segundo em Santa Cecília para 140 metros cúbicos por segundo, devido à seca que atinge a Região Sudeste.
O governo do Rio de Janeiro planeja ampliar a captação de água dos rios que nascem no Parque Nacional da Tijuca, na capital fluminense, como alternativa para reduzir a dependência da cidade em relação ao Sistema Guandu. A informação é do secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, durante vistoria ao Rio Carioca, que nasce no parque.
Prefeitos de municípios da região metropolitana de São Paulo cobraram nesta quarta-feira (28) do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) planos de contingência e de comunicação para o enfrentamento da crise hídrica. O grupo defende a criação de um comitê de crise para atuação em conjunto.
Para suprir os reservatórios do Sistema Cantareira, que está em crise desde 2013 e hoje está operando com apenas 5,1% da capacidade da segunda cota do volume morto das represas, o governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou que pretende lançar até a próxima sexta-feira (30) o edital da licitação para as obras de transposição das águas do rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro, para São Paulo. O objetivo é trazer cinco metros cúbicos de água por segundo.
O governo federal não medirá esforços para apoiar governadores e prefeitos que têm responsabilidade com o abastecimento de água da população, foi o que afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, após reunião entre ministros realizada nesta sexta-feira (23), no Palácio do Planalto, para avaliar a situação hídrica brasileira.
Ainda deve demorar dois dias a normalização do abastecimento de água para cerca de 1,2 milhão de pessoas de bairros localizados em parte das regiões oeste e sul da capital, além de Cotia e outros municípios vizinhos (Taboão da Serra, Embu e Itapecerica da Serra). A queda de uma árvore sobre a rede elétrica provocou falta de energia nas estações elevatórias de água João 23 e Jardim São Luiz, na madrugada desta quinta-feira (22). O problema já foi sanado, mas de forma parcial.
Com dez vezes mais água armazenada do que o Sistema Cantareira, a Represa Billings deve ser utilizada para abastecer parte da população que enfrenta a crise hídrica em São Paulo, conforme informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Atualmente os paulistas convivem com uma estranha e desconfortável situação. As tão esperadas chuvas de verão vieram, mas à custa de ruas alagadas, semáforos quebrados e centenas de árvores derrubadas, principalmente na região metropolitana da capital.
Por Afonso Capelas Junior para o Diário do Centro do Mundo*
Projeções do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que, caso as chuvas na região do Sistema Cantareira continuem até 50% abaixo da média e a captação se mantenha nos níveis atuais, esse manancial poderá secar daqui a quatro meses, no início de junho.