Quase um mês após o desfecho sumário do processo que provocou a derrocada do presidente constitucional do Paraguai, já é possível analisar com mais acuidade os interesses geopolíticos envolvidos.
Por Breno Altman, em Opera Mundi
O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor de "As veias abertas da América Latina", afirmou que o impeachment do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo foi um golpe de Estado muito mal disfarçado. Para ele, até a sentença que declara Lugo culpado termina evidenciando que não há provas, mas estas não são necessárias porque se trata de domínio público.
O senador Álvaro Dias sabe que a moeda de troca do Paraguai é abrir seu território para a implantação de uma base militar norte-americana. Não importa, ou melhor, é certamente o que mais importa. A CIA certamente não esquecerá o favor do senador do PSDB.
Por Enio Squeff*, na Carta Maior
A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela. A questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul.
Por Samuel Pinheiro Guimarães*
“A ferida mais grave que o Mercosul (Mercado Comum do Sul) recebeu, em sua história, foi o golpe de Estado parlamentário sumaríssimo que aconteceu no Paraguai”, sentenciou nesta quinta-feira (12) o presidente uruguaio José Mujica.
No covil do império, bem ao seu gosto, o ex-presidente FHC atacou nesta terça-feira (10) o ingresso da Venezuela no Mercosul, argumentou que não houve golpe no Paraguai e criticou a exclusão dos golpistas do bloco de integração sul-americana. Fernando Henrique Cardoso foi a Washington receber o Prêmio Kluge de US$ 1 milhão da Biblioteca do Congresso dos EUA em “reconhecimento à sua obra acadêmica”.
Por Altamiro Borges, em seu blog
Organizações sociais do Paraguai denunciaram violações de direitos humanos deflagradas a partir da ascensão de Federico Franco à Presidência. Menos de um mês desde a deposição de Fernando Lugo, já seriam inúmeros os casos de prisões arbitrárias de supostos militantes e de demissões de funcionários públicos críticos do novo governo.
Militares paraguaios que se reuniram com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, pouco antes do golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo, negaram nesta quarta-feira (11) à promotora paraguaia Stella Mary Cano que o diplomata os tenha pressionado para que se sublevassem contra o presidente designado, Federico Franco.
A Câmara Municipal de Ciudad del Este aprovou por unanimidade a retirada de um busto de Simón Bolívar, um dos heróis da independência da América Espanhola, do Passeio San Blás. A decisão foi tomada em retaliação à Venezuela, terra natal do libertador, que estaria sendo “ingerente” em assuntos paraguaios.
Na contramão dos países sul-americanos que consideraram que o processo que levou à destituição do presidente legitimamente eleito, Fernando Lugo, no Paraguai foi um golpe, os Estados Unidos declararam que o processo de impeachment não feriu a Constituição do país, e que, portanto, foi legal.
Não nos deixemos enganar por uns poucos donos de meios que a cada dia nos intoxicam com suas mentiras.
Por Pe. Francisco de Paula Oliva, Adital
O golpe contra o governo Lugo, não obstante a história política paraguaia de fragilidade democrática, ultrapassa as fronteiras do país e coloca em confronto forças distintas no tabuleiro geopolítico regional.
Por Carlos Eduardo Martins*, especial para o Portal Vermelho