Os líderes ibero-americanos concordaram nesta terça-feira (1º) que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deve ser restituído no cargo como "passo fundamental" para o retorno da ordem democrática ao país.
Ao encerrar sua viagem a Portugal nesta terça-feira (1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar a eleição presidencial em Honduras, desta vez para afirmar que não irá conversar com o novo presidente hondurenho, Porfírio Lobo.
Por um lado, centenas de pessoas com os dedos mindinhos limpos, sem o rastro da tinta que assinala aqueles que participaram da votação. Por outro, o sorriso estampado no rosto do nacionalista Porfirio Lobo, recém eleito presidente, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Esse foi o retrato das eleições em Honduras, realizadas no domingo (29).
Neste domingo ocorreram eleições presidenciais no Uruguai e em Honduras, em contextos radicalmente diferentes. No primeiro caso, a jornada eleitoral foi uma festa cívica exemplar na qual o candidato progressista apresentado pela Frente Ampla, no governo, José Mujica, venceu o segundo turno sem qualquer dúvida ou impugnação, derrotando o ex-presidente direitista Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco).
Editorial do La Jornada
O candidato de direita Porfirio Lobo declarou-se vencedor no pleito ilegítimo de domingo em Honduras e prometeu um governo de "unidade nacional", após um processo eleitoral marcado por uma alta abstenção e por acusações de repressão, desaparecimentos, assédio e perseguição. A votação, classificada como uma "mentira" pelo presidente deposto Manuel Zelaya, não será reconhecida por grande parte da comunidade internacional. Zelaya afirma que o governo de fato "inflou" a participação no pleito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil não vai reconhecer o resultado das eleições realizadas em Honduras nesse domingo. Ao chegar para a 19ª Cúpula Iberoamericana, na cidade de Estoril, em Portugal, o presidente disse que o país não voltará atrás e ressaltou que legitimar o resultado eleitoral hondurenho pode abrir um grave precedente na América Latina.
Acho que esse é o recado que a situação de Honduras envia para toda a região. E isso não é visão de brasileiro, ou de sul-americano. É um legítimo representante da diplomacia americana que expressa a decepção com a nova equipe da Casa Branca.
Por Heloisa Vilella, no R7
As mesas receptoras de votos das eleições em Honduras foram fechadas neste domingo às 17h (21h de Brasília), uma hora mais tarde do previsto, porque o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) decidiu prorrogar o horário de votação.
A Frente de Resistência contra o Golpe de Estado e o Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras (COFADEH) denunciaram neste domingo (29) que uma pessoa foi morta pela polícia e 30 foram detidas nas últimas 24 horas e deram por fracassadas as eleições gerais.
“Desde a noite de sábado (27) até este domingo (28), vamos entrar nas casas para combater os descontentes com as eleições, porque pode haver tentativas de boicote”. A declaração do subcomissário de polícia de Tegucigalpa, José Flores, em entrevista à reportagem do Opera Mundi em Tegucigalpa, dá uma boa ideia do clima para as eleições deste domingo em Honduras.
O hospital público, no centro da capital de Honduras, é simples. A enfermaria infantil, com seis camas, um forno! Mas Angel David, de treze anos, não reclama de nada.
Por Heloisa Villela, no R7
Neste domingo (29), 4,6 milhões de hondurenhos estão convocados para as eleições mais controversas de sua história. Do total de eleitores, estima-se que 50% devam comparecer às urnas, de acordo com os índices habituais de abstenção. Em 2005, não votaram 44% do eleitorado, e amanhã o número pode ser ainda maior, já que muitos se negam a participar de um pleito organizado sob uma ditadura. Eles não pretendem ajudar a legitimar o golpe que tirou do poder o presidente que elegeram, Manuel Zelaya.