A crise política em Honduras mostra que a chamada "diplomacia sul-sul" do Brasil está ganhando força, diz o jornal suíço Le Temps, em sua edição desta quinta-feira (24). Segundo o jornal, ao endossar seu papel ativo na crise hondurenha, Lula assume um risco limitado, caso ela não se resolva. "Mas se ele contribuir para dobrar os golpistas, seu prestígio internacional vai ganhar força", prevê o Le Temps.
A França expressou nesta quinta (24) seu apoio à solicitação do Brasil para que o Conselho de Segurança da ONU analise a crise em Honduras e a situação do deposto presidente Manuel Zelaya, abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa. O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ian Kelly, já havia dito no dia anterior que o governo americano está pensando “de forma positiva” em debater o tema no Conselho. A questão pode ser abordada amanhã (25) pelo organismo.
Em meio a pressões, o governo golpista de Honduras autorizou, na manhã desta quinta-feira (24), a reabertura dos aeroportos do país, que estavam fechados desde a volta inseperada do presidente deposto, Manuel Zelaya, na última segunda (21). Porém, ainda há restrição aos voos internacionais.
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, disse nesta quarta-feira (23) que a instabilidade em Honduras não oferece condições para a realização de eleições previstas para 29 de novembro e, por isso, decidiu suspender a assistência eleitoral ao país da América Central.
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta (23) a criação de uma comissão externa com a finalidade de visitar a embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital de Honduras. O local abriga o presidente deposto daquele país Manuel Zelaya, afastado do poder no dia 28 de junho por um golpe militar. A proposta, de autoria de Ivan Valente (PSOL-SP), ainda irá a votos pelo plenário da Câmara.
O que ocorreu em Honduras e tem ocorrido na América Latina é o conflito entre um presidente eleito por voto majoritário, com amplo apoio popular, e um Congresso que representa, sobretudo, o poder econômico conservador.
por Mauro Santayana
no Jornal do Brasil
O retorno de Manuel Zelaya a Honduras coloca vários cenários em movimento na região. Além de elevar a tensão entre a maioria do povo hondurenho e a oligarquia golpista desse país, a iniciativa expõe a disputa entre o Brasil e a maioria dos governos latino-americanos, por um lado, e o Departamento de Estado dos EUA e o Pentágono, por outro. A terceira frente de conflito se dá entre a extrema direita norte-americana e o governo do presidente Barack Obama.
Por Guillermo Almeyra*, em Carta Maior
Quase uma centena de representantes de entidades de direitos humanos, do movimento sindical, popular e estudantil realizaram ato de solidariedade ao povo hondurenho nesta quarta-feira (23/9) à tarde, em frente ao Consulado de Honduras em São Paulo.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, disse nesta quarta-feira (23) que a atuação do governo brasileiro na crise de Honduras tem o apoio de toda – "toda com letras maiúsculas" – a comunidade internacional. O diplomata falou à BBC em Nova York. A declaração incisiva de Insulza contrasta com as críticas de setores brasileiros, capitaneados pelas Organizações Globo e os demo-tucanos, de que o governo Lula estaria "criando um problema" em Honduras.
Leia abaixo a íntegra do discurso do presidente Luís Inácio Lula da Silva na abertura da 64ª Assembleia Geral da ONU, nesta quarta-feira, 23 de setembro, em Nova York.
Diretamente do Plenário da Organização das Nações Unidas, Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Lula para assuntos internacionais, fala a Terra Magazine sobre a atuação diplomática do Brasil em Honduras. E critica: "quem se opõe ao que faz o Brasil deve sentir simpatia pelos golpistas".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso na 64ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a necessidade de o órgão ter mais firmeza no combate a anacronismos como o embargo a Cuba e a golpes de Estado, como o que houve em Honduras. Segundo Lula, a comunidade internacional exige que o presidente deposto Zelaya assuma imediatamente.