A redução nos investimentos tem devorado a indústria brasileira, cuja produção amarga uma queda de 17% nos últimos três anos. É o efeito das políticas de ajuste fiscal, da aversão ao risco em meio às incertezas alimentadas pela crise política e dos efeitos deletérios da operação Lava Jato sobre a economia. Sem vislumbrar medidas que possam reverter o quadro, mesmo industriais a princípio otimistas com a gestão Michel Temer pressionam por mudanças de rumo.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) – que apoiou o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff – anunciou, nesta quarta (8), que apenas 67% das grandes indústrias instaladas no Brasil investiram em 2016. Trata-se do percentual mais baixo desde 2010. E, segundo a entidade, o índice ruim deve se repetir 2017.
A necessidade de enfrentar a desindustrialização precoce que assola o Brasil, o que implica mudanças nas diretrizes macroeconômicas e a implantação de uma correta e efetiva política industrial, vem sendo afirmada há tempos pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).
Por Murilo Pinheiro*
Os impactos do golpe parlamentar de 2016, foram devastadores para a indústria brasileira, cuja utilização da capacidade recuou para patamares anteriores aos do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira encerrou 2016 em 76%, o mais baixo já registrado desde 2003, informou a Confederação Nacional da Indústra (CNI) nesta segunda-feira (30).
O Instituto de Estudos do Desenvolvimento industrial (IEDI) – que reúne 50 representantes de grandes empresas nacionais –, afirmou, no documento “Desindustrialização prematura e política industrial”, que a situação da indústria é tão “dramática”, “a ponto de arrastar consigo o restante da economia”. Na carta, a entidade apoia estudos internacionais sobre os riscos da desindustrialização precoce e a necessidade de políticas que revertam esse processo prejudicial ao país. Confira abaixo.
Um dia depois do Natal mais fraco em várias décadas, um novo indicador revela a tragédia econômica provocada no Brasil pelo golpe de 2016: o Índice de Confiança da Indústria (ICI) do Brasil caiu em dezembro para o menor patamar desde junho passado. O resultado do indicador, que recuou 2,2 pontos e alcançou 84,8 pontos em dezembro, foi divulgado nesta segunda-feira (26) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), demonstrando que a economia brasileira enfrenta dificuldades para se recuperar.
A produção industrial recuou em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na passagem de setembro para outubro deste ano, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional. A maior queda foi em Minas Gerais (-7,6%).
Entidades que representam setores da indústria e empresas de sete estados iniciaram uma campanha em defesa do conteúdo local na política industrial do Brasil. Representantes de associações e federações se encontraram na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) na manhã desta quinta (8).
Brasil não pode se resumir a controlar investimentos públicos. É preciso fazer reformas para retomar a atividade industrial.
Por Rodrigo Medeiros*
A retomada econômica brasileira ainda segue longe de acontecer no governo de Michel Temer. Depois de dois meses de recontratações, a indústria voltou a demitir em outubro, pressionando o saldo negativo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo estimativas de consultorias e instituições financeiras, o setor formal cortou 91,7 mil vagas no período.
A retomada da produção industrial é indispensável para que o Brasil volte a crescer. Mas o governo não vem adotando ações em benefício da indústria. “Eu não identifico medidas governamentais nesse sentido”, pondera José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e também da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI).
Até mesmo apoiadores do impeachment da presidenta Dilma Rousseff começam a se dar conta de que o golpe é também contra a indústria nacional. Entidades representativas de fornecedores de bens e serviços ao setor de petróleo e gás natural do país e federações nacionais da indústria agora pressionam para que Michel Temer não leve adiante mudanças radicais na Política de Conteúdo Local (PCL) do setor de petróleo.