A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que estão em posse da Polícia Federal gravações de conversas entre os ministros do governo e do próprio presidente Michel Temer que aponta para casos de tráfico de influência. “Não é possível que no momento tão difícil por que passa o país, que pressionam para aprovar medidas contra o Brasil, contra o povo brasileiro, eles fiquem usando o tempo em favor de interesses privados”, avalia, indignada, a parlamentar.
Parlamentares argumentaram que saída de Geddel não acaba com a crise instalada no governo, motivo pelo qual não veem como o Congresso pode votar medidas de ajuste que afetarão país por 20 anos.
É como se o presidente Michel Temer, neste interminável 2016, o ano da pós-verdade, acabasse na trama do filme Aquarius, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho. O enredo, baseado em fatos reais, revelaria um temeroso mandatário do país às voltas com a possível liberação de uma licença do Iphan, o Instituto Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para a construção de uma torre de apartamentos de luxo.
Por Xico Sá
Após ter sido acusado de ter pressionado o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para liberar uma obra em Salvador, Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, pediu demissão a Michel Temer nesta sexta-feira (25). Para o líder da Bancada Comunista na Câmara, Daniel Almeida (BA), a renúncia revela novos traços deste momento político.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, endossou o coro que critica ao ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, por supostamente ter gravado a conversa com o presidente Michel Temer. Segundo ele, se isso aconteceu seria “um fato que vai para o Guiness (livro de recordes)”.
Diante da crise instaurada no governo, após as revelações trazidas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero e a queda do também ministro Geddel Vieira Lima, o presidente ilegítimo Michel Temer convidou a cúpula do golpe, o PSDB, para um almoço no Alvorada, nesta sexta-feira (25).
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), não viu problema no fato do juiz Sérgio Moro grampear e divulgar conversa da presidenta eleita Dilma Rousseff, mas disse que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero deve ser investigado por ter gravado a conversa que teve com Michel Temer acerca das pressões exercidas pelo ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para que uma obra de seu interesse em Salvador (BA) fosse liberada.
O pedido de demissão do ministro Geddel Vieira Lima está longe de estancar a crise do governo golpista de Michel Temer (PMDB). Isso porque dias antes de deixar o governo, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero gravou conversas com Temer, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que comprovariam as suas denúncias de pressão para prevaricar e atender aos caprichos de Geddel.
Por Dayane Santos
O governo já deixou vazar a informação de que o governo Michel Temer aguardava até o final do dia o pedido de demissão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, mas antes mesmo do meio-dia desta sexta-feira (24), a carta chegou à mesa de Temer e, assim como fez com Romero Jucá e Henrique Alves, ambos do PMDB e apontados em esquemas de propinas da Lava Jato, o governo golpista tenta estancar a sangria.
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero expressou, em depoimento à Polícia Federal, que não foi só Geddel Vieira Lima que o pressionou para a liberação das obras de empreendimento imobiliário em Salvador, que haviam sido barradas por um órgão da pasta da Cultura. Segundo Calero, o próprio presidente Michel Temer o “enquadrou”, no intuito de encontrar uma “saída” para a obra que interessa pessoalmente a Geddel.
A defesa de Michel Temer junto ao Tribunal Superior Eleitoral não prioriza mais a tática de dividir a chapa capitaneada por Dilma Rousseff em 2014, na ação em que o PSDB busca a cassação dos reeleitos alegando que houve abuso de poder econômico.
Quando foi a Buenos Aires, em outubro, para a primeira visita oficial a um chefe de Estado, Michel Temer comentou ter mais razões para estar ali do que os “laços históricos” entre Brasil e Argentina. A “identidade” e “o pensamento muito em comum” com o presidente Mauricio Macri pesavam.