Gilmar Mendes também critica gravação de Calero de conversa com Temer

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, endossou o coro que critica ao ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, por supostamente ter gravado a conversa com o presidente Michel Temer. Segundo ele, se isso aconteceu seria “um fato que vai para o Guiness (livro de recordes)”.

Gilmar-Mendes - Agência Brasil Antonio Cruz - Agência Brasil/Antonio Cruz

A declaração do ministro foi durante a participação de um seminário na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no qual debateu os 20 anos da lei de arbitragem no país.

Antes de saber da demissão de Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo e braço direito de Temer, Mendes minimizou as acusações feitas pelo também ex-ministro da Cultura Marcelo Calero.

"As coisas acho que a meu ver estão sendo magnificadas. Na verdade há uma grande confusão. Hoje lendo em diversos jornais eu vejo algo assim inusitado, a história de que o ministro teria gravado o presidente da República”, disse.

E completou: "De fato se isso ocorreu é um fato que vai para o Guinness, alguma coisa realmente inusitada e claro absolutamente despropositada. Um profissional, do ministério, do Itamaraty, tenha este tipo de conduta suscita realmente bastante preocupação".

Estranhamente, o tucano e presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), defendeu a mesma tese. Assim como Gilmar Mendes, Aécio não viu problema no fato do juiz Sérgio Moro grampear e divulgar conversa da presidenta eleita Dilma Rousseff, mas disse que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero deve ser investigado por ter gravado a conversa que teve com Michel Temer acerca das pressões exercidas pelo ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para que uma obra de seu interesse em Salvador (BA) fosse liberada.

Moro, sem autorização do STF e violando a Constitutição, grampeou e divulgou conversas gravadas entre a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula. Ao expliar a violação da lei ao próprio Supremo, Moro admitiu que não deveria ter autorizado a divulgação de escutas e classificou o atropelo à Constituição de “equívoco”.

Mendes disse ainda que "este episódio será tratado pelos meios adequados e terá o devido encaminhamento", sugerindo que o ministro deverá ser punido.

"Nós temos crises maiores e temos desafios maiores do que um episódio relativo a um flat longínquo numa praia aí da Bahia", ironizou Gilmar, se referindo ao motivo da polêmica que é um imóvel de luxo adquirido por Geddel que foi impedida a construção por ser tratar de área tombada pelo patrimônio público.

Ele evitou comentar se o episódio possui ou não indícios de tráfico de influência. "Isso terá que ser examinado oportunamente quando houver denúncia, se houver denúncia, se tivermos que julgar", declarou.