A queda de braço entre a ala do PSDB que defende a saída do governo e Michel Temer continua. O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que até há alguns dias estava irredutível quanto a permanecer na relatoria da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, agora já afirma que pode sair do cargo se o presidente da comissão assim determinar.
Assim como fez antes da votação da primeira denúncia, Michel Temer vai receber pelos menos 42 deputados nesta terça-feira (3) no Palácio do Planalto, na sua corrida para tentar barrar a segunda denúncia, desta vez pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. Segundo ele, os encontros são para manter a "harmonia entre os poderes", pois é preciso “lidar com mais uma denúncia inepta e sem sentido”.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para colher o depoimento do presidente Michel Temer no inquérito em que ele é apontado como suspeito dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A colunista do G1, Andréia Sadi, publicou mais uma nota que azeda ainda mais a relação entre Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e Michel Temer. Segundo a jornalista, que é casada com um primo de Aécio Neves, durante as reuniões para discutir o cenário político, Temer mandou a sua tropa de choque que "enquadrar" Maia.
Por Dayane Santos
Para garantir a rejeição da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, na Câmara dos Deputados, Michel Temer decidiu entrar na queda de braço interna do PSDB para tentar pelo menos neutralizar a ação da ala que defende o desembarque da sigla do seu governo.
Se a relação entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o governo de Michel Temer (PMDB) não estava bem, a recente entrevista do presidente da Câmara ao jornal "Valor Econômico" na qual diz que não fez "com eles [PMDB] o que eles fizeram com a Dilma", deixou o clima ainda mais tenso.
Para insuflar o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, a direita conservadora usava o preço da gasolina e da conta de luz como supostas demostrações de que o governo não tinha condições de se manter no poder.
Michel Temer manobrou para emplacar o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) como relator da segunda denúncia na Comissão de Constituição (CCJ) da Câmara, que desta vez também inclui os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). A decisão foi entendida como uma provocação por parte da ala tucana que defende o desembarque da sigla do governo.
Na próxima segunda-feira (2) será lançada no Rio de Janeiro a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, às 14 horas, no Clube de Engenharia, na região central. A proposta é promover um amplo debate com a sociedade e fazer frente à política de desmonte do Estado desencadeada pelo golpe e pela agenda do governo de Michel Temer.
O presidente da Comissão de Constituição (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), confirmou nesta quinta-feira (28) o nome de Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) como relator da segunda denúncia contra Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
Nesta quinta-feira (28), o Ibope divulgou pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reforça a impopularidade de Michel Temer, com 77% de ruim e péssimo. Ainda segundo o levantamento, 89% reprovam a maneira de governar de Temer. Apenas 7% aprovam. No levantamento divulgado em julho, 11% aprovavam; 83% desaprovavam.
O presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por obstrução à Justiça e organização criminosa no dia 14 de setembro. Na mesma data, o governo liberou R$ 65 milhões em emendas parlamentares.