A devastação provocada pelos rejeitos das duas barragens da Samarco-Vale em Mariana, evidenciavam que não se tratava de um acidente. Além do desastre socioambiental, a falta de um simples plano de emergência, as denúncias feitas pela população atingida e a conduta da empresa apontavam na direção de um crime.
A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira (13) a mineradora Samarco e sete executivos e técnicos da empresa por crimes ambientais decorrentes do derramamento de 32 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no Rio Doce. Um dos indiciados é o diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e o Ministério Público Federal trataram nesta segunda-feira (21) de unificação de ações e caracterização do plano de recuperação da bacia do Rio Doce.
Após 17 anos da ocorrência do crime e de ficar 11 anos praticamente parada no Supremo Tribunal Federal, o mensalão tucano de Minas Gerais finalmente teve uma condenação judicial. O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) foi condenado nesta quarta-feira (16) a 20 anos e dez meses de prisão, em regime fechado, pela 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
Em seu discurso durante a cerimônia de inauguração do Museu de Congonhas (MG), nesta terça-feira (15), a presidenta Dilma Rousseff reafirmou o compromisso do governo federal em tomar as providências necessárias em relação ao rompimento da barragem do Fundão, ocorrido no mês passado, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG).
Ainda tentando afastar sua responsabilidade no rompimento das duas barragens da Samarco, em Mariana, Minas Gerais, a maior mineradora do país, a Vale, levou um puxão de orelha do Ministério Público do estado, que reagiu, nesta sexta-feira (11), a uma nota publicada pela empresa, em que diz que “não se considera responsável” pelo rompimento da barragem, que matou pelo menos 16 pessoas, devastou a cidade e contaminou o Rio Doce.
As causas e os impactos do rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Bilinton, em Mariana (MG) ainda estão sendo investigados. A subprocuradora-geral da República, Sandra Cureau, afirma que já é possível dizer que houve “negligência e omissão” da empresa no caso.
Enquanto a mídia tenta a todo custo isentar a culpa da Samarco-Vale no rompimento das duas barragens em Mariana, afirmando que se trata de falta de fiscalização dos órgãos, uma informação divulgada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam) acende a luz em outra direção. Segundo a fundação, a empresa informou um volume de rejeitos 18% menor da barragem de Fundão, em Mariana (MG).
A privatização da Companhia Vale do Rio Doce – operada pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997 – não apenas entregou à iniciativa privada um dos mais rentáveis patrimônios do país, como deixou a exploração do minério brasileiro totalmente à mercê do capital internacional.
A justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de R$ 292 milhões da Mineradora Samarco sob custódia do Banco Central. O juiz Frederico Esteves Duarte Gonçalves, responsável pela decisão, também negou pedido da mineradora para liberação de valores já bloqueados.
Citando dados da Agência Nacional de Águas (ANA), referente ao número de barragens no Brasil, o engenheiro português Ricardo Oliveira, um dos maiores especialistas do mundo no assunto, afirmou que o Brasil tem 663 barragens de contenção de rejeitos de mineração e 295 barragens de resíduos industriais.
Quando estudamos Jornalismo, submetem-nos a um treinamento pontual. Plantam dentro de nós o exercício da apuração, do lead, a hierarquia das informações, os tipos de fonte, os bonspersonagens, as citações, os fatos e os dados.
Por Yago Sales* e Juliana Junqueira**