O procurador federal Frederico Paiva, responsável pelas investigações da Operação Zelotes, disse nesta terça-feira (26) que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na semana passada no Senado, e o Ministério Público Federal vão trabalhar em uma via de mão dupla nas investigações sobre irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O deputado federal, Paulo Pimenta (PT), relator da submissão da Câmara dos Deputados criada para acompanhar o trabalho dos investigadores no curso da Operação Zelotes rebateu as afirmações do colunista da Folha de S.Paulo, Leonardo Souza, que publicou na quinta-feira (21) artigo em referência a atuação do deputado, apontando que o mesmo iniciou uma “cruzada em defesa da Zelotes, para tentar inflar a operação em contraponto à Lava Jato”, escreveu o colunista.
O esquema de corrupção montado no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (Carf), órgão que julga processos tributários, teria atuado em pelo menos 74 julgamentos. E segundo apontou as investigações da Operação Zelotes, da Polícia Federal e Ministério Público Federal, há “indícios mais fortes e veementes” envolvendo processos que detectaram a sonegação de R$ 5 bilhões de até 20 empresas.
O Judiciário usa dois pesos e duas medidas em relação às duas investigações, que tratam, respectivamente, de práticas de corrupção em contratos da Petrobras e de um esquema de sonegação fiscal.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (29), o ministro da Fazenda Joaquim Levy afirmou que todos os acusados na Operação Zelotes responderão a processo administrativo e disciplinar e que os autos irregulares serão anulados.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), leu nesta terça-feira (28), no plenário da Casa, o requerimento de criação da comissão parlamentar de inquérito que irá investigar as denúncias de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf).
O Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF), presidido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aprovou nesta terça-feira (7) a criação de uma força-tarefa para atuar na apuração da Operação Zelotes.
A Operação Zelotes, que investiga suposto esquema de fraude para sonegação de impostos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), estima que o total envolvido pode chegar a R$ 19 bilhões.
O prejuízo aos cofres públicos com o esquema deflagrado na Operação Zelotes pode “apequenar” o total desviado no caso de corrupção na Petrobras. A informação é da revista inglesa The Economist, em reportagem publicada esta semana, que aponta que os valores em impostos sonegados da Receita Federal ultrapassa R$ 19 bilhões.
Dois escândalos recentes, batizados como Swissleaks e Zelotes, evidenciam uma realidade brasileira: ricos não gostam de pagar impostos, nem de declarar todo seu patrimônio.
Na última quinta-feira (26), a Polícia Federal realizou a Operação Zelotes na sede dos bancos Safra, Bradesco, Santander, Pactual e Bank Boston, as montadoras Ford e Mitsubishi, além da gigante da alimentação BR Foods no esquema, que por enquanto, deu prejuízo de R$ 19 bilhões à Receita Federal a partir da anulação ou redução indevida de multas aplicadas pelo órgão em São Paulo.
Alvo de fraudes que podem superar em quase o dobro o montante investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) tem modelo de composição e atuação “suscetível à corrupção”, na avaliação do procurador da República que atua na Operação Zelotes, Frederico Paiva.