Apesar dos apelos por um diálogo político pacífico no documento adotado em Genebra, Suíça, nesta quinta-feira (17), pelos representantes da Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia, o governo interino ucraniano não suspenderá a operação militar que lançou contra manifestantes no leste do país. As tensões na região têm indicado a iminência de uma guerra civil, enquanto as potências ocidentais também se movimentam militarmente para a vizinhança russa.
Os defensores da federalização invadiram nesta quinta-feira os centros de rádio e televisão em Slavyansk e Kramatorsk que transmitem os canais de TV ucranianos para as regiões do Sudeste do país.
Enquanto as tensões aumentam exponencialmente no leste da Ucrânia – quando o governo interino lança uma operação militar contra manifestantes que não reconhecem a sua legitimidade e que exigem o direito à autodeterminação –, a Rússia, os EUA, a União Europeia e as forças políticas ucranianas em oposição reúnem-se em Genebra, na Suíça, nesta quinta-feira (17). Um grupo de soldados baixou as armas, mas a iminência de uma guerra civil, para alguns observadores, parece se confirmar.
O Conselho Supremo (Verhovna Rada, em ucraniano) deu luz verde hoje à operação repressiva organizada pelo governo golpista contra cidades rebeldes do sudeste do país, com emprego de tanques, meios blindados e aviação de combate.
O Exército da Ucrânia, com ordens do governo interino, enviou tropas para um aeroporto próximo a Slovyansky, no leste do país, nesta terça-feira (15). O novo governo, que tomou o poder de forma inconstitucional, mas foi prontamente reconhecido pelos EUA e pela União Europeia, diz ter lançado uma operação militar “antiterrorista” contra os manifestantes que pedem a federalização ou que têm reivindicações separatistas, enquanto acusa a Rússia de interferir na questão.
O premiê russo, Dmitri Medvedev, afirmou nesta terça-feira (15) que a população ucraniana compreendeu as verdadeiras intenções dos usurpadores do poder em Kiev, depois de comentar os acontecimentos no sudeste do país vizinho.
Centenas de partidários da federalização da Ucrânia protestaram nesta terça-feira (15) na cidade de Carcóvia, reafirmando a vontade da população do leste do país, no meio do início de uma operação repressiva.
O presidente da Rússia, Vladmir Putin, instou o estadunidense, Barack Obama, nesta segunda-feira (14), a evitar um conflito direto no leste da Ucrânia, segundo informações do governo russo. No mesmo dia, um navio de guerra estadunidense, o USS Donald Cook, atracou na Romênia, no Mar Negro. A deterioração do ambiente na região tem levado analistas internacionais a avaliarem a possibilidade de uma confrontação entre EUA e Rússia, embora o governo russo siga apelando à diplomacia.
O diretor da CIA, John Brennan, visitou Kiev na semana passada, confirmou a administração do presidente dos EUA. Anteriormente, essa informação tinha aparecido na mídia, com referência a fontes próximas às forças especiais ucranianas.
Nesta segunda-feira, em 14 de abril, expira o prazo de mais um ultimato apresentado aos apoiantes da federalização no Sudeste da Ucrânia. No entanto, os ativistas têm rejeitado condições propostas pelo governo provisório.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma reunião de emergência neste domingo (13), para discutir a escalada da crise na Ucrânia, horas antes do ultimato do governo interino ucraniano aos rebeldes nas cidades separatistas do leste. A reunião foi convocada pela Rússia, classificando de “criminoso” o plano do governo ucraniano de mobilizar o Exército contra os separatistas, que continuam negando a legitimidade do golpe conduzido pelos que tomaram o poder, com apoio ocidental.
A situação na Ucrânia continua a desdobrar-se por vias obviamente jamais planejadas pelos arquitetos do golpe (CIA, neoconservadores à moda Victoria Nuland, Geoffrey Pyatt, Michael McFaul, Barack Obama, George Soros e os acólitos de Zbigniew Brzezinski) que comandam o establishment da política externa dos EUA.
Por John Robles, na Voz da Rússia