Em sabatina na CNI, Aécio e Campos atacam governo

A Confederação Nacional da Indústria sabatinou nesta quarta-feira (30), os três principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos.

Aécio - Reprodução

A presidenta da República, candidata à reeleição, reafirmou o compromisso com o povo brasileiro. Dilma Rousseff lembrou que o Brasil é feito não só de indústrias, mas de povo. Ela ressaltou que a reforma política só é possível “se tivermos a participação popular nessa reforma, daí porque temos que ter um plebiscito”.

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O candidato neoliberal e conservador Aécio Neves foi, como sempre, genérico, em sua tática de esconder o jogo. Acusou os governos de Lula e Dilma de terem sido “lenientes” com a inflação, prometeu uma reforma tributária, o aumento da taxa de investimentos, o diálogo permanente com o setor industrial e falou em “coragem” para que o Brasil “encerre esse ciclo”.

O Brasil tem memória e sabe que o chamado combate à inflação pelos tucanos sempre foi feito em detrimento do crescimento do país.

Desta vez Aécio se esquivou de comentar sobre as medidas impopulares que prometeu tomar caso seja eleito, como tinha feito num evento com empresários no mês de abril. Por isso, além do autoelogio, fez ataques ao governo, que segundo ele não teria “credibilidade”. O senador mineiro sabe que pegou mal na opinião pública o anúncio de que tomaria “decisões impopulares”, uma senha para a austeridade fiscal, o arrocho salarial, o corte de direitos sociais, a liquidação das políticas públicas de distribuição de renda e a reforma trabalhista de caráter antioperário.

O candidato da direita foi mais claro quanto à política externa, que em sua opinião precisa de um “realinhamento do ponto de vista comercial, e não do ponto de vista ideológico, como é feito hoje”. Atacou a integração regional, especificamente o Mercosul, e defendeu a "integração maior do Brasil com o mundo", mencionando a União Europeia, agrupamento monopolista e imperialista com o qual pretende uma relação mais próxima por meio de um acordo bilateral.

Aécio assumiu uma postura de garoto de recados do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, com quem se reuniu na semana passada e que veio ao Brasil pressionar pela rápida aprovação do acordo bilateral. O discurso de Aécio Neves sobre o “realinhamento da política externa” e o distanciamento que disse tomar do “ponto de vista ideológico” contém uma importante mensagem. A de que está disposto a voltar à ideologia do passado, quando a política externa brasileira era alinhada aos interesses estratégicos, à política e à ideologia das potências imperialistas.

Por seu turno, Eduardo Campos, terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, disse durante a sabatina da CNI que o atual modelo político do país “esclerosou e faliu”. Baseado nesse diagnóstico, o ex-governador pernambucano defendeu uma reforma política que adote um “padrão político de governança” que “compreenda o que acontece no mundo para levar o Brasil a um ambiente seguro para investir e que anime os investidores”.

Além da reforma política, o candidato do PSB propôs a realização de uma reforma tributária, ressalvando que esta “não será feita da noite para o dia”.

Campos destacou a necessidade de reformas no sistema trabalhista, mas não admitiu que vá "retirar direito dos trabalhadores”. De acordo com ele, é possível aliviar a carga dos empresários com encargos trabalhistas promovendo, por exemplo, regras para a terceirização e valorizando as negociações coletivas, com fortalecimento da relação entre sindicatos e patrões.

Com agências