Morales: luta por independência da Bolívia continua

Para o presidente da Bolívia, Evo Morales, não pode haver uma nação com "tanta riqueza, mas também com semelhantes exploradores internos e externos". Ele fez a afirmação durante um discurso na prefeitura

O presidente boliviano acrescentou que a nova independência chegará com a Assembléia Constituinte, que deve ser implantada em 6 de agosto e para a qual 255 membros serão eleitos em 2 de julho, por isso pediu a "todo o povo" que participe do processo. "O povo deve se transformar em constituinte para encontrar a verdadeira independência do nosso país. Esta é uma luta pela independência, pela libertação de nosso país. Queremos de verdade voltar a fundar nossa Bolívia", disse Morales.

Segundo o primeiro presidente indígena do país, essa eleição será a mais importante de todos os pleitos já realizados na vida republicana do país, iniciada em 1825. Morales ressaltou que os povos indígenas participaram da luta pela independência nessa época, "mas não fundaram a Bolívia". "Eles não fundaram a Bolívia legal e constitucionalmente, pois pedem que se volte a fundar a Bolívia (…) para acabar com a discriminação, com o desprezo a que fomos submetidos em muitos departamentos, especialmente nas cidades", disse o presidente.

Morales, índio aimara e dirigente histórico do movimento cocaleiro, chegou à Presidência da Bolívia ao vencer as eleições de dezembro passado com um apoio popular de 53,7% nas urnas. Em seu discurso, ele denunciou que o país foi "esquartejado" pelas políticas neoliberais "de leilão e privatizações" em um "Estado colonial" que será alterado na Assembléia Constituinte. O presidente pediu à população que votem nos candidatos que, mesmo que não sejam governistas, "pensem nas maiorias nacionais" e não tenham "atitudes sectárias ou separatistas" ou busquem atentar contra a união nacional.

O presidente boliviano também ratificou a aposta de seu governo pelas autonomias, uma reforma reivindicada no departamento de Tarija, onde estão localizados 85% dos 48,7 trilhões de pés cúbicos que a Bolívia possui em reservas de gás natural.

Os bolivianos também votarão em um referendo convocado também para 2 de julho, junto com a eleição dos deputados constituintes, sobre a conveniência de um regime autônomo para algumas regiões do país. Esta consulta foi parte do acordo que o governo anterior teve que fazer com estes departamentos ricos e separatistas, sob a liderança do distrito de Santa Cruz, para que a eleição à Presidência ocorresse democraticamente no final do ano passado. A negociação inclui ainda a própria realização da Assembléia Constituinte.

Da Redação,
Com agências.