Chávez encontra movimentos sociais no PR e pede apoio para Lula

Em meio às costumeiras críticas ao presidente dos Estados Unidos, George W.Bush, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em visita nesta quinta-feira a Curitiba, pediu votos para seu companheiro brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E

Ao falar para uma platéia com mais de mil representantes de movimentos sociais, Chávez defendeu a necessidade de apoiar a reeleição de Lula. Durante sua estada no Paraná, o líder venezuelano ouviu críticas ao governo brasileiro, de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em especial no tema da Reforma Agrária. Mas Chávez reafirmou seu apoio ao presidente brasileiro:

Sentado à mesa ao lado do líder do MST, João Pedro Stédile, Chávez disse que "Lula é o homem para o Brasil neste momento." Segundo ele, os movimentos populares no Brasil não pode permitir que a direita volte ao poder.
 

Para o presidente venezuelano, todo governo de direita acaba "se ajoelhando perante o império norte-americano". "A volta da direita seria um golpe não só para o Brasil, mas também para a Venezuela e para o projeto de união da América do Sul e a integração da América Latina", afirmou.

O líder venezuelano também defendeu a importância da vitória de Ollanta Humala no Peru e elogiou os governos de Evo Morales, na Bolívia, Nestor Kirchner, na Argentina, e Tabaré Vázquez, no Uruguai. E a reafirmou suas críticas aos Estados Unidos e ao sistema capitalista internacional: "O capitalismo é perverso e desajusta a sociedade. Enquanto os Estados Unidos infiltram governos e forças armadas, nós precisamos montar uma estratégia política contra o imperialismo. Hoje é o Iraque, amanhã é o Irã e depois pode ser a Venezuela e o Brasil".

"Estamos obrigados a manter a unidade porque é isso que nosso povo reclama.", acrescentou Chávez. Unidade em torno do que ele tem chamado de Aliança Bolivariana das Américas (Alba), em oposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Acordos com Paraná

Chávez esteve no Paraná para assinar uma série de acordos com o governo do Estado. Os 15 acordos assinados por Chávez e pelo governador Roberto Requião (PMDB) prevêem investimentos de US$ 320 milhões em áreas estratégicas da produção: agricultura, meio ambiente, saneamento básico, educação, ciência e tecnologia e habitação. O governo do Paraná assinou convênios com os governos dos Estados de Anzoátegui, Lara, Mérida, Monagas, as prefeituras de Caracas e de Libertador, ministérios e órgãos do governo venezuelano. Também foram firmadas parcerias entre o governo venezuelano e empresas paranaenses, que envolverão assistência técnica e transferência de tecnologia.

Também foram assinados acordos na área das comunicações, que ampliarão por três anos a transmissão e a produção de programas bilíngües (português e espanhol) entre a Paraná Educativa (Rádio e TV Paraná Educativa) e Telesur (Nueva Televisión del Sur). Esses acordos pretendem consolidar espaços de expressão da diversidade cultural dos países de América Latina e do Caribe, além de promover a produção de programas de intercâmbio e integração entre paranaenses e venezuelanos. A Telesur prometeu converter o sinal de áudio e vídeo de sua transmissão em dois canais diferentes, em espanhol e português, para que o segundo possa ser recebido no Brasil de maneira independente.

Defesa da natureza e da diversidade

Representantes da Via Campesina e da Coordenação dos Movimentos Sociais aproveitaram a presença de Chávez em Curitiba para lançar o documento "Carta das Américas em Defesa da Natureza e da Diversidade Biológica e Cultural". Assinado inicialmente por 32 movimentos sociais, o documento agora será divulgado em todo o mundo em busca de novas adesões. Chávez foi o primeiro a assinar a carta, que também tem as assinaturas do governador do Paraná, Roberto Requião, do prêmio Nobel da Paz, Perez Ezquivel, de Leonardo Boff e Dom Pedro Casaldáliga, entre outros.

O documento propõe a conservação da diversidade biológica e cultural dos ecossistemas das Américas e manifesta repúdio à introdução, nas Américas, de espécies exóticas, de organismos transgênicos e das sementes "terminators" (estéreis). "Nos opomos à tentativa do governo imperial dos Estados Unidos e de suas empresas transnacionais", diz ainda o texto que critica o projeto da Área de Livre Comércio das Américas e os tratados bilaterais que Washington vem buscando firmar com países do continente.

Fonte: Agência Estado e Carta Maior