Violência policial no Nepal causa morte de 3 manifestantes

Em mais um protesto contra a ditadura no Nepal, nas cercanias da capital do país, Katmandu, milhares de pessoas enfrentaram o fogo das forças de repressão do país. Três manifestantes foram mortos e centenas estão feridos.

Policiais nepaleses abriram fogo contra uma multidão de dezenas de milhares de pessoas em uma manifestação contra a ditadura do rei Gyanendra nesta quinta-feira, matando ao menos três manifestantes.

Desde 6 de abril, quando recomeçaram as manifestações, com a deflagração por trabalhadores de uma greve geral, dez pessoas já foram assassinadas pela polícia.

A multidão desobedeceu o toque de recolher imposto pela ditadura e tomou as ruas em direção à capital, Katmandu. Outras 40 pessoas ficaram feridas e estão em estado grave, segundo médicos do Hospital Modelo, na capital.

O confronto aconteceu na região de Kalanki, a oeste de Katmandu, segundo Kunjan Aryal, líder de um grupo de direitos humanos do Nepal. "Nossos voluntários já recolheram dezenas de feridos e há muitos mais esperando auxílio médico", disse Aryal

A repressão começou quando cerca de 30 mil moradores de cidades da região de Katmandu marchavam em direção ao centro da capital. Policiais bloquearam a principal estrada para a cidade e tentaram conter a multidão lançando bombas de gás lacrimogêneo. Em seguida, passaram a disparar contra a multidão, segundo testemunhas.

Toque de recolher

O rei Gyanendra autorizou a polícia a atirar contra qualquer pessoa que desrespeitar o toque de recolher. De acordo com funcionários do governo, o toque de recolher imposto entre as 2h (17h de quarta-feira em Brasília) e as 20h (11h de Brasília) desta quinta-feira tinha como objetivo tentar impedir a oposição de realizar uma grande manifestação.

No entanto, os moradores de Katmandu protestaram de suas próprias residências, fazendo um panelaço.

Não foi concedida nenhuma permissão de circulação a qualquer pessoa no país, como havia ocorrido em de toques de recolher anteriores, quando foi permitida a circulação de diplomatas.

Em Kirtipur, a sudoeste de Katmandu, 5.000 pessoas se manifestaram nesta quinta-feira. Não houve imposição de toque de recolher na região rural.

Nesta quinta-feira, o rei Gyanendra se reuniu durante duas horas com Karan Singh, representante enviado pela Índia, no Palácio Real, no centro de Katmandu. O governo não divulgou o teor da conversa.

A Índia — que se opõe à ditadura no país vizinho — enviou Singh ao Nepal nesta quarta-feira para pressionar o rei a assumir um compromisso com os partidos de oposição, que exigem uma Constituição que limite ou elimine os poderes da monarquia. Antes de se reunir com Gyanendra, Singh conversou com vários líderes da oposição.

Com agências internacionais