Puerto Iguazu: Lula, Kirchner, Evo e Chávez discutem decreto

Hoje, às 11h, tem início em Puerto Iguazu, na Argentina, se encontrarão os quatros principais líderes que impulsionam a integração na região: o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o argentino Nestor Kirchner, o ve

Ontem a noite, Evo e Chávez se reuniram em La Paz para armar sua estratégia em defesa da nacionalização no encontro. Segundo informações da Agência Bolivariana de Notícias (ABN), a expectativa de ambos hoje é a de articular propostas e aproveitar a oportunidade para avançar no fortalecimento da plataforma unitária das quatro nações. “Somos como um núcleo e mais adiante se incorporarão Uruguai, Paraguai, Chile e toda América do Sul. Vamos rumo à união sul-americana”, disse Chávez.

Justamente na contramão do que a imprensa brasileira e a oposição ao governo Lula vêem reiterando. Para esse setor, o Itamaraty deveria ser duro e romper relações com o governo boliviano. Tudo pela desestabilização política no nosso país e do processo sólido, soberano, democrático e, principalmente, de caráter antiimperialista da integração regional.

O governo boliviano já deu sinais de que é possível que não assuma de fato o controle verdadeira da indústria energética do seu país. O que realmente interessa é aumentar os impostos para as petroleiras. No encontro de ontem, Evo e Chávez concordaram que o valor da energia aumentou consideravelmente desde que foram assinados os contratos petroleiros da capitalização e é justo que agora os donos da rirqueza, os bolivianos, recebam mais.

Segundo a agência Bolpress, em 1997, o barril do petróleo custava menos de 20 dólares. Esta semana, o preço do barril chegou a atingir os 75 dólares. Mas para a imprensa reacionária dos Estados Unidos e da Europa, isso é coisa dos governos latino-americanos populistas, que nacionalizam e pressionam por essa renegociação de contratos para arrancar das vitimadas petroleiras estrangeiras um pouco mais de benefícios.

Na realidade, Morales cumpre a sua maneira uma promessa eleitoral. Quando os bolsos das transnacionais se enchem de dinheiro pela alta nos preços do petróleo, muitos latino-americanos vêem que é o melhor momento para exigir medidas mais radicais a seus governos.

Esse aparente clima hostil à Bolívia é mais uma orquestração falaciosa desta mesma imprensa imperialista. O presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero confirmou que o governo espanhol não utilizará a ajuda para o desenvolvimento que destina a Bolívia para pressionar o governo boliviano. Ao contrário, ele pediu que as empresas atingidas escutem a oferta do governo Morales, entre elas a Repsol, e saber qual é a condição de sócio que oferece. Zapataro disse ainda estar fazendo um esforço político e diplomático para que a Bolívia seja um país da comunidade ibero-americana.

No Brasil, apesar da pressão da oposição – que agora foca seus ataques à política externa do governo –, Lula também descartou uma crise entre o Brasil e a Bolívia. E ainda reconheceu o direito do país de reivindicar e ter mais poder sobre seus recursos naturais.  Ontem, na abertura da 16ª Reunião Regional Americana da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ele adiantou que no encontro de hoje com em Puerto Iguazu, "todos nós vamos nos acertar". "É com esse jogo de cintura que vamos consolidar o processo democrático na América Latina".
No México, o diretor geral da companhia Pemex, Luis Ramírez, disse não acreditar que a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia vá ser um obstáculo para seus planos de importar gás natural da América do Sul.

Mas não adianta os “países vitimados” dizerem isso. Para o Financial Times, o líder do grupo dos “populistas” da América, Hugo Chávez, está formando na América Latina um grupo radical que menospreza a respeitosa “esquerda light” do Chile e do Uruguai. O Brasil ainda é considerado com um projeto no meio termo, mas que pode ser facilmente influenciado.

Tema energético

Ademais ao decreto “Heróis do Chaco”, Evo e Chávez afinaram a estratégia sobre o tema energético para a região. Segundo Chávez informou a imprensa, eles discutiram, entre outros aspectos, a industrialização do gás como parte do projeto do megaprojeto Gadosuto do Sul que irá ligar Venezuela, Brasil e Argentina.  Os líderes também dialogaram sobre o Tratado de Comércio dos Povos (TCP), proposta do presidente boliviano frente aos tratados de livre comércio (TLC) dos Estados Unidos.

Chávez também anunciou que no próximo dia 18 de maio, a Bolívia consolidará sua entrada no processo de integração da Alternativa Bolivariana das Américas (Alba), proposta venezuelana em contraposição à Área de Livre Comércio (Alca), também dos EUA. Na ocasião, será firmada uma aliança estratégica entre a Petróleos da Venezuela (Pdvsa) e as empresas responsáveis pelos campos petrolíferos bolivianos.

“A Venezuela está disposta a investir sua experiência e seus modestos recursos para certificar a presença da maior quantidade possível de reservas na Bolívia. Logo assistiremos à instalação da planta Vilamonte, para extrair os líquidos do gás que a Bolívia exporta. Essa fábrica pode ser instalada em seis meses”, disse Chávez.

“Sem a Bolívia o projeto (do gasoduto) era inviável, e Evo sempre manifesta seu desejo de se incorporar. A Bolívia deve se somar à equipe estratégica, ministerial, técnica, e à que está estudando o impacto ambiental”, disse. “Outra equipe está encarregada de analisar os aspectos conceituais. Já destinamos os primeiros recursos, cerca de 10 milhões de dólares, para os primeiros estudos. Estão sendo estudadas as possíveis rotas para o grande Gasoduto do Sul”, explicou Chávez.

Da Redação
Mônica Simioni
Com agências