Caos em São Paulo.

O cenário de violência em São Paulo mais parecia com o que acontece no Iraque e no Afeganistão.

Cento e cinqüenta mortos, ônibus incendiados, presídios controlados por marginais, delegacias assaltadas e metralhadas, escolas fechadas, comboio policial para “proteger” o transporte coletivo, bananas de dinamite transportadas à luz do dia e as “autoridades” fingindo que governam.

O cenário descrito não sobre a guerra do Iraque ou do Afeganistão. É sobre São Paulo, o mais rico e poderoso estado brasileiro, que há doze anos consecutivos é governado pelo PSDB/PFL e há uma semana está sob o “controle” do crime organizado.

Mesmo diante desse caos o governo estadual rechaçou ajuda de tropas federais, sob o argumento “estava tudo sob controle”.

O vazamento da negociação entre governo e os chefes do crime organizado, o recrudescimento dos ataques e o aparecimento de televisões dentro dos presídios, sem que o governo saiba se quer como lá chegaram, demonstra que não há nada sob controle.

A recusa da ajuda federal é administrativamente irresponsável, pois poderá custar a vida de mais inocentes. Optou pelo caos por razões estritamente politiqueira para não reconhecer o fracasso de sua política de segurança. O que criaria uma enorme dificuldade para que o candidato do PSDB prometesse um “choque de eficiência” no Brasil, o qual todos nós esperamos que não seja semelhante a “eficiência” da segurança de São Paulo. Isso explica o desespero dos senadores do PSDB, o problema, de fato, não é simples.  Tem causas conjunturais e estruturais. Os problemas conjunturais (precária estrutura policial, corrupção, impunidade, etc.) dependem de decisão política.  Os problemas estruturais (concentração de renda, desemprego, falta de escolas, etc.) dependem da mudança na sociedade.

De uma vez por todas é preciso entender que um país que décima economia do planeta não pode continuar entre os de pior distribuição de renda do mundo. 

Por Eron Bezerra
Publicado em A Crítica.