Livro reconta a história da cidade de Imperatriz

Editor de obras históricas relevantes como “O Sertão”, de Carlota Carvalho, e autor de “Francisco de Paula Ribeiro: desbravador dos sertões de Pastos Bons”, em co-autoria com o historiador João Renôr Ferr

Editor de obras históricas relevantes como “O Sertão”, de Carlota Carvalho, e autor de “Francisco de Paula Ribeiro: desbravador dos sertões de Pastos Bons”, em co-autoria com o historiador João Renôr Ferreira de Carvalho, com quem dividiu em o “Prêmio AIL 2005”, o pesquisador e jornalista Adalberto Franklin lançou durante o Encontro de Historiadores do Maranhão, no campus II da UEMA, o livro “Breve história de Imperatriz”, com selo da Ética Editora. Essa obra, de pequeno formato (11x18cm) e apenas 101 páginas, abre a “Série Ciências Humanas”, dessa editora.

Mesmo considerando que esse livro “é apenas uma exposição sintética” de suas pesquisas sobre a região, Franklin torna público diversos aspectos até então desconhecidos da história de Imperatriz e elucida questões até então obscuras, dando novos elementos para interpretação do período de colonização da pré-Amazônia maranhense.

Entre essas novidades, o autor revela a fracassada tentativa de frei Manoel Procópio do Coração de Maria, o carmelita fundador de Imperatriz, em estabelecer, em 1849, a missão de Santa Teresa nas proximidades da temida cachoeira de Itaboca (engolida pela represa de Tucuruí), mesma região em que duzentos anos antes o padre Antônio Vieira desistira de sua missão pelo Tocantins – a fundação de Imperatriz, ocorrida em 1852, se deu somente depois de o frade ter se estabelecido em São João do Araguaia (confluência do Tocantins com o Araguaia), a partir de onde teria feito incursões no hoje sudoeste maranhense e conseguira aldear os índios gaviões e fazer acordo com os chefes krikatis.

Franklin comprova que até junho de 1852, um mês antes de o frade se estabelecer onde hoje é a cidade, essa região pertencia verdadeiramente à Província do Pará, que desde 1772, com o fim do Estado do Maranhão e Grão-Pará, passou a limitar-se com o Maranhão pelo rio Turiaçu, e não pelo Gurupi; e ia até as cachoeiras de Santo Antônio, acima de Imperatriz – um mapa, de 1821, apresenta essa divisão. O autor mostra que Imperatriz foi a segunda povoação denominada “Santa Teresa” pelo Frei Manoel Procópio, e não a originariamente encomendada a ele pelo governo do Pará, e que nenhum documento dessa época trata a povoação como “Santa Teresa d’Ávila”, como se costuma mencionar, mas de “Santa Teresa do Tocantins”.

O autor defende ainda que o sudoeste maranhense foi o último reduto indígena do Nordeste, território defendido durante quase quarenta anos pelos índios timbiras, sobretudo os gaviões e os krikatis, que impediam o avanço das bandeiras de Pastos Bons além do rio Farinha. Tão temidos que, entre as cachoeiras de Santo Antônio e a confluência com o Araguaia, os navegantes do Tocantins margeavam seus barcos com o lado goiano, afastando-se dos perigosos timbiras. Diz também que quando Procópio fundou Imperatriz, quatro frentes colonizadoras avançavam sobre a região: a originária dos vaqueiros de Pastos Bons; a das missões religiosas e militares da Província do Pará; uma advinda dos navegadores e comerciantes goianos; e a última proveniente do litoral maranhense. Para sustentar suas informações e teses, Adalberto Franklin transcreve um impressionante rol de referências, citações, publicações e mapas dos séculos XVIII, XIX e XX, muitos deles somente conhecidos por especialistas.

O livro dá mais ênfase às fases que vão do início do povoamento do sudoeste maranhense até a abertura das estradas que ligaram a antiga “sibéria maranhense” ao restante do Estado, ao Nordeste e ao Centro-Oeste, já na década de 1950. O autor justifica no próprio livro essa redução, dizendo que o período posterior à Belém-Brasília é muito mais conhecido e existem várias obras disponíveis sobre ele. Revela, porém, que está empenhado em escrever a história de Imperatriz de forma mais extensa, em dois volumes, “algo em torno de oitocentas a mil páginas”.

Neste ano, o acadêmico Adalberto Franklin, 43 anos, membro fundador da AIL, foi o ganhador, juntamente com o historiador João Renôr de Carvalho, do “Prêmio Literário Academia Imperatrizense de Letras”. Haviam publicado, em co-autoria, no começo de 2005, um livro que resgata a história e as obras do major Francisco de Paula Ribeiro, “desbravador dos sertões de Pastos Bons”. Em 2000, eles coordenaram a republicação de uma rara obra da história maranhense: “O Sertão”, da professora sertaneja Carlota Carvalho.