PMDB recusa coligação mas propõe criação de movimento pró-Lula

Atualizada às 0h25

A ala governista do PMDB encontrou-se na noite desta segunda-feira com o presidente Lula em um jantar no Palácio da Alvorada para dizer que o partido, dividido, não poderá indicar o candidato a vice-presidente e

A cúpula governista do PMDB descartou hoje (05) a parceria oficial do partido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida sucessória. Em meio à ofensiva para ter um peemedebista em sua vice, na chapa da reeleição, Lula convidou os dirigentes da ala governista para um jantar ontem à noite. Antes de se dirigir à Granja do Torto, no entanto, o líder no Senado, Ney Suassuna (PB), antecipou a decisão do grupo.

O partido não se coligará formalmente com o PT nestas eleições, para liberar as alianças em torno de seus 15 candidatos a governador com boas chances de vitória. "O presidente Lula sonha todos os dias com um vice que se chama Nelson Jobim (ex-deputado e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal), mas nem um vice divino serviria para nós”, resumiu Suassuna, ao adiantar que a cúpula governista apresentaria uma contra-oferta à proposta de aliança formal com o PT: a criação de um movimento pró-Lula dentro do PMDB, que poderá reunir diretórios de até 19 Estados. “Na hipótese mais pessimista, Lula terá o apoio do partido em no mínimo 16 Estados”, avaliou o líder.

A lista de convidados para o jantar no Torto, encabeçada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e pelo senador José Sarney (PMDB-AP), incluiu também o líder do partido na Câmara, Wilson Santiago (PB) e os deputados Jader Barbalho (PA) e Eunício Oliveira (CE). Os Estados desses cardeais do partido, o apoio ao projeto da reeleição já é dado como certo. Os Estados que mais resistem a qualquer tipo de parceria com o PT são o Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Pernambuco, onde petistas e peemedebistas vivem às turras. Mas também há fortes resistências no Rio Grande do Norte, Acre, Santa Catarina, Sergipe e Mato Grosso do Sul.

Como também há problemas com o PT em Estados onde o diretório peemedebista já apóia a reeleição, Suassuna afirmou que seu grupo aproveitaria o jantar para pôr as dificuldades na pauta de negociações. A idéia era cobrar a reciprocidade dos petistas nos Estados em que o PMDB é o franco favorito na briga pelo governo local. É o caso da Paraíba, onde o PT praticamente inexiste, mas decidiu lançar a candidatura de José Neto contra o senador José Maranhão (PMDB), que já enfrenta uma dura batalha para vencer o governador Cássio Cunha Lima (PSDB), no projeto da reeleição.

A aposta geral hoje era de que a convenção extraordinária do PMDB, convocada para o próximo dia 11 por diretórios de nove Estados também entraria na conversa dos governistas com o presidente. A convocação, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, foi fruto de mais uma ofensiva do grupo do ex-governador Anthony Garotinho, para tentar manter de pé a candidatura própria do PMDB ao Planalto.

Segundo os governistas, porém, só a executiva nacional do partido tem o poder de convocar a convenção ordinária que dará a palavra final sobre a candidatura própria. E na executiva, diz Suassuna, os governistas, somados aos independentes e ao grupo que prefere uma aliança com Alckmin, têm maioria folgada de 11 votos a quatro. "Candidatura própria é assunto morto no partido e essa convenção extraordinária não passa de manobra diversionista de quem não tem o que fazer”, diz o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), certo de que esta convenção não será realizada, até porque não teria valor jurídico para decidir sobre candidaturas.

Na verdade, a iniciativa de Garotinho acabou atropelando uma articulação dos próprios governistas com setores que defendem a candidatura própria, para matar de vez o assunto. A idéia era antecipar a convenção em um grande acordo para descartar a tese do candidato do PMDB ao Planalto, dando uma saída honrosa para o senador Pedro Simon (PMDB-RS) desistir da disputa e assumir sua candidatura ao Senado.

Com agências