Reajuste salarial não atenderá a todos os professores do Estado

O governador Aécio Neves possui uma nova propaganda política, que é o reajuste salarial dos professores e também na área da saúde, o mesmo caso em alguns lugares específicos, tais como a Fhemig

No entanto, a propaganda governamental está causando alguma confusão, pois coloca como um grande mérito o reajuste salarial. No entanto, o reajuste é apenas para instituições superiores, além do Colégio Tiradentes e das universidades estaduais Unimontes e Uemg. Esse não atinge o ensino médio e nem o básico.
 
A maquiagem quanto ao reajuste salarial para todos os níveis nesse caso, é que os professores já recebiam esse valor todo mês, um abono de uma média de R$ 50, gerado por negociações e acordos entre o governo de Estado e a categoria. Esse abono foi sendo reeditado várias vezes. No entanto, agora, o governo apenas colocou o valor impresso no contracheque o mesmo dinheiro que estava sendo recebido na folha dos servidores públicos. O fato é que passado um ano, o governo tem que tomar uma decisão quanto o abono, ou ele registra e garante o abono, ou retira.

Quando o abono incorpora ao salário, o governo aumenta as despesas do Estado, no entanto tem o aspecto positivo, quanto a férias e 13º, por exemplo. O que ocorre é que esse "aumento" não irá configurar uma mudança substancial no salário dos profissionais e nem modificar muito a educação.

"Essa é mais uma etapa de um esforço que o governo de Estado vem fazendo de valorização do servidor público que se qualificou por conta própria. Nós estamos arrumando o Estado, fazendo uma verdadeira revolução na relação do Estado com a população e isso passa pela valorização do servidor", ressaltou Aécio Neves em entrevista.

A assessoria econômica do bloco PT/ PcdoB, da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, revela que o reajuste de 5% já estava previsto por lei, e ainda vai ocorrer. Além disso, há a promoção por escolaridade adicional. O aumento já era previsto por lei, não é uma decisão do governo de Estado.
 
O deputado estadual André Quintão (PT) fez uma emenda, pressionando a aprovação desse aumento. A lei prevê que poderá ser aumentado, e a emenda obriga. A promoção, conclui-se, não atinge todos os professores é restrito apenas para o que está com a escolaridade acima do cargo que ocupa o que é uma vantagem legal. "A revolta é que os professores estão sendo utilizados pelas propagandas do Aécio Neves como se fosse extensa a toda categoria", explica a assessoria.

O governador anunciou: "Eu sou o primeiro a reconhecer que nós temos que avançar muito na questão salarial e nós já avançamos de forma muito consistente na definição dos planos de carreira e isso agora é uma etapa. Fizemos o mesmo em relação aos servidores de Educação há algumas semanas, dando um aumento em torno de 15% a 16% para aqueles que se qualificaram e se preparam para prestar serviços de melhor qualidade. Agora, nós estamos estendendo essa medida aos servidores da área da saúde, da Polícia Militar que atuam no Colégio Tiradentes e das nossas universidades, Unimontes e Uemg", afirmou Aécio Neves, em entrevista.
Enquanto isso, as reivindicações feitas pelo Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais) ainda não foram atendidas. Por exemplo, pagamento de todas as vantagens aos trabalhadores quando em licença médica, pagamento do rateio aos designados proporcionalmente aos meses trabalhados, independente da data de designação; concessão de vale-transporte e vale alimentação para todos os trabalhadores.
Cotidiano de um professor
Allexandre Magno dá aulas de 5ª a 8ª série e dobra com o segundo grau. Ele é um dos professores que não revelam grande empolgação com o reajuste e nem acredita em alguma melhora substancial. Ele, por exemplo, espera um aumento de R$ 25, já que o reajuste salarial de 14% é na verdade uma média geral, o que não garante que todos os professores receberão os 14%.

"Mesmo com esse reajuste o pessoal do estado vai receber menos do que o da prefeitura de Nova Lima e Contagem", compara Magno. Ele denuncia também que recebe uma média de R$ 34 para auxílio transporte, sem reajuste há cerca de cinco anos. No caso dele, tem duas férias prêmio publicada, mas não pode usufruir. Alegam que só pode tirar férias se houver alguém para substituí-lo. Se não conseguirem, reembolsam em dinheiro na aposentadoria, como se tivesse vendido as férias.
Ele trabalha para o Estado há 14 anos. "Na verdade são tantos problemas que a gente nem consegue relatar todos. Quando professor faz greve é descontado no salário como se tivesse se ausentado, como se greve não fosse um direito. Há pouco tempo saiu na imprensa que servidores do estado em Barbacena estavam tendo que pagar consulta do próprio bolso no IPSEMG", lamenta.
 
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