Copom acena com corte menor dos juros

O Banco Central (BC) sinalizou, ao divulgar a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que não vê na recente turbulência dos mercados financeiros internacionais um problema suficiente para interromper, pelo menos não no curtíssimo pr

Ainda que continue, porém, a flexibilização da política monetária, que já foi menor na semana passada, deverá ser ainda mais parcimoniosa na próxima rediscussão do nível da Taxa Selic, marcada para 19 de julho. "Na avaliação do Copom, essa instabilidade não configura um quadro de crise", diz a ata, referindo ao cenário externo. Dois fatores são citados para sustentar tal avaliação. Um deles é o "caráter potencialmente transitório" das causas principais dessa instabilidade – explicada principalmente pelo aumento da incerteza quanto à intensidade e à duração do ciclo de elevação da taxa de juros americana e o conseqüente reordenamento abrupto de carteiras de investimento.

O outro fator citado pela ata são "os sólidos fundamentos da economia brasileira", refletidos na "redução consistente da inflação", nos "vultosos e persistentes" superávits da conta de comércio exterior, na geração de superávits primários "adequados" nas contas do setor público, na recomposição das reservas internacionais e na melhora do perfil da dívida pública interna. Tudo, avalia o Copom, tem tornado o país "mais resistentes a choques" externos. 
Riscos
Por outro lado, a ata pondera que, apesar de seu caráter transitório, o aumento da volatilidade nos mercados financeiros do mundo elevou o grau de incerteza do próprio Banco Central quanto ao comportamento futuro da inflação. Essa maior dificuldade de prever a trajetória dos índices de preço, por sua vez, "poderá acabar dificultando tanto a avaliação de cenários pela autoridade monetária quanto a coordenação das expectativas dos agentes privados", reconhece o documento, referindo-se a um importante aspecto para o bom funcionamento do sistema de metas para inflação.

Nesse ambiente, acrescenta, "cabe à política monetária manter-se especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos". Em mais um sinal de não hesitará em endurecer se entender necessário, o Copom ainda avisa que, "evidentemente, na eventualidade de se verificar uma exacerbação de riscos que implique alteração do cenário prospectivo traçado para a inflação neste momento, a estratégia de política monetária será prontamente adequada às circunstâncias".
IPCA

Não é isso, porém, que o comitê mostra esperar no curto prazo. "De uma maneira geral, continua se consolidando um cenário benigno para a inflação, com perspectivas cada vez mais favoráveis para o cumprimento da meta em 2006 e com potenciais repercussões sobre o comportamento dos preços nos anos posteriores".  A trajetória cadente do IPCA acumulado em 12 meses, índice que serve de referência para a meta, é uma das razões apontadas de tal previsão.

 

A ata destaca também o comportamento da oferta agregada de produtos e serviços da economia, na sua opinião compatível com o aumento da demanda, o que evita pressões inflacionárias. O entendimento de que flexibilizações adicionais de juros devem ser feitas com parcimônia é justificado não só pela instabilidade externa. É preciso considerar também, segundo o Copom, que as próximas decisões sobre a Selic terão impactos cada vez mais concentrados em 2007, por causa da defasagem com que as mudanças de juros surtem efeito na economia. Mesmo os cortes já feitos ainda não se refletiram completamente, diz a ata.

Com informações do
jornal Valor Econômico