Artigo médico critica patrocínios da Copa do Mundo
Especialistas em saúde pública criticaram os organizadores da Copa do Mundo por aceitar patrocínios de companhias “pouco saudáveis”
Publicado 19/06/2006 15:21
Num artigo publicado na revista científica Lancet, os médicos questionaram a inclusão de companhias como a cervejaria Budweiser e a cadeia de fast-food McDonald's como parceiros oficiais da Fifa. Segundo os autores do artigo, a entidade tem a obrigação de evitar relacionamentos com patrocinadores que não sejam adequados. Após a Copa de 2002, a Fifa recebeu uma premiação pelo combate ao fumo por ter feito o torneio com severas restrições a fumantes e rejeitando anunciantes ligados a empresas de tabaco.
Na Copa deste ano, no entanto, a proibição de se fumar nos estádios foi abolida e é possível encontrar isqueiros e cinzeiros entre os produtos oficiais da Copa. "A presença de parceiros da Fifa como a Budweiser, a Coca-Cola e o McDonald's ilustra bem o conflito existente entre o esporte internacional e a promoção de um modo de vida saudável", diz o artigo. "Esta tensão reforça a necessidade de se reavaliar as relações entre organizadores e seus patrocinadores, assim como dos governos assegurarem a eficiência das suas legislações e do investimento público no esporte de elite", afirmam os autores.
Jogos Olímpicos
A última Copa do Mundo atraiu uma audiência cumulativa de 28,8 bilhões de espectadores em 213 países diferentes. Para esta competição, 15 marcas conhecidas mundialmente pagaram cerca de US$ 40 milhões cada uma (cerca de R$ 85 milhões) pelo espaço publicitário reservado aos parceiros oficiais. O artigo da Lancet também não poupou os dirigentes da Federação Inglesa, uma vez que o McDonald's financia uma extensa campanha da entidade para formar novos técnicos nas divisões de base.
O artigo também alerta para o risco de novas parcerias questionáveis na Olimpíada de 2012, que será disputada na Inglaterra. "Os Jogos Olímpicos de 2012 precisarão de um investimento público de mais de 2 bilhões de libras (cerca de R$ 7,5 bilhões), que se justificam em parte pela necessidade de se criar um legado para a saúde", adicionou um dos autores do artigo, Jeff Collin. "A aspiração dos Jogos de inspirar 'uma nova geração de maior atividade e ambição esportiva, ajudando a formar uma nação saudável e ativa', uma ambição que nós achamos difícil de conciliar com a presença de patrocinadores como a Coca-Cola e o McDonald's", afirma. Collin conclui dizendo que não é preciso se pensar em um veto a todo tipo de ligação com estas empresas, mas que é preciso se levar em conta os critérios de saúde na promoção esportiva.
Com informações da
agência BBC Brasil