Artigo médico critica patrocínios da Copa do Mundo

Especialistas em saúde pública criticaram os organizadores da Copa do Mundo por aceitar patrocínios de companhias “pouco saudáveis”

Num artigo publicado na revista científica Lancet, os médicos questionaram a inclusão de companhias como a cervejaria Budweiser e a cadeia de fast-food McDonald's como parceiros oficiais da Fifa. Segundo os autores do artigo, a entidade tem a obrigação de evitar relacionamentos com patrocinadores que não sejam adequados. Após a Copa de 2002, a Fifa recebeu uma premiação pelo combate ao fumo por ter feito o torneio com severas restrições a fumantes e rejeitando anunciantes ligados a empresas de tabaco.
Na Copa deste ano, no entanto, a proibição de se fumar nos estádios foi abolida e é possível encontrar isqueiros e cinzeiros entre os produtos oficiais da Copa. "A presença de parceiros da Fifa como a Budweiser, a Coca-Cola e o McDonald's ilustra bem o conflito existente entre o esporte internacional e a promoção de um modo de vida saudável", diz o artigo. "Esta tensão reforça a necessidade de se reavaliar as relações entre organizadores e seus patrocinadores, assim como dos governos assegurarem a eficiência das suas legislações e do investimento público no esporte de elite", afirmam os autores.

 

Jogos Olímpicos

 

A última Copa do Mundo atraiu uma audiência cumulativa de 28,8 bilhões de espectadores em 213 países diferentes. Para esta competição, 15 marcas conhecidas mundialmente pagaram cerca de US$ 40 milhões cada uma (cerca de R$ 85 milhões) pelo espaço publicitário reservado aos parceiros oficiais. O artigo da Lancet também não poupou os dirigentes da Federação Inglesa, uma vez que o McDonald's financia uma extensa campanha da entidade para formar novos técnicos nas divisões de base.
O artigo também alerta para o risco de novas parcerias questionáveis na Olimpíada de 2012, que será disputada na Inglaterra. "Os Jogos Olímpicos de 2012 precisarão de um investimento público de mais de 2 bilhões de libras (cerca de R$ 7,5 bilhões), que se justificam em parte pela necessidade de se criar um legado para a saúde", adicionou um dos autores do artigo, Jeff Collin. "A aspiração dos Jogos de inspirar 'uma nova geração de maior atividade e ambição esportiva, ajudando a formar uma nação saudável e ativa', uma ambição que nós achamos difícil de conciliar com a presença de patrocinadores como a Coca-Cola e o McDonald's", afirma. Collin conclui dizendo que não é preciso se pensar em um veto a todo tipo de ligação com estas empresas, mas que é preciso se levar em conta os critérios de saúde na promoção esportiva.

Com informações da
agência BBC Brasil